1 - Nenhum governo de país democrático (ou mesmo autocrático) do mundo está escalando a tensão com os EUA. A não ser o Brasil.
2 - Lula fez isso antes e continua fazendo agora. Cavou a falta para ser retaliado e vencer as eleições na base da patriotada e do populismo nacionalista. De autodeclarado salvador da democracia quis ser também o salvador da soberania nacional.
3 - O fato de Trump ser um populista-autoritário, que ataca a própria democracia americana e as democracias liberais mundo afora, disputando a liderança da extrema-direita no plano global, não torna o também populista Lula bom ou sua atuação correta. Defender o Brasil é uma coisa. Escalar a guerra retórica com o presidente dos EUA não é papel de um presidente do Brasil.
4 - Lula não é diretamente culpado pelos ataques (políticos e econômicos) de Trump ao Brasil (o único culpado é o próprio Trump), embora tenha provocado repetida e irresponsavelmente o chefe de Estado do pais mais poderoso do mundo. Ele não causou a agressão de Trump, mas surfou na onda que ele mesmo queria que se avolumasse.
5 - Lula e o PT fazem tudo isso somente para não sair do governo em 2026. É triste e lamentável termos um chefe de Estado e um partido hegemonista no poder que não aceitam a alternância democrática.
6 - Lula e o PT sabiam que, em condições normais, perderiam a eleição de 2026. Eles já haviam tomado a decisão política de não sair do governo e fariam qualquer coisa para isso. Não se imaginou, porém, que iriam tão longe. Da guerra pobres contra ricos passaram à guerra retórica contra Trump, escalando o conflito.
7 - O Brasil tem um poder judiciário independente dos demais poderes. Trump não acredita que isso exista, nem mesmo nos EUA (e tanto é assim que desqualificou os processos abertos contra ele pela justiça americana como “caça às bruxas”). Entretanto, nosso poder judiciário, formalmente independente, não está autocontido em suas atribuições (pois se mete sistematicamente nos âmbitos dos poderes legislativo e executivo). E está aliado politicamente ao poder executivo. O que, na prática, significa que entrou na campanha Lula 2026.
8 - Mas é pior. Em despacho do STF Alexandre de Moraes escreveu que o STF repudia "agressões contra os inimigos da Soberania nacional, Democracia e Estado de Direito, sejam inimigos nacionais, sejam inimigos estrangeiros". "Inimigos nacionais"? O STF usou o conceito da velha Doutrina de Segurança Nacional da ditadura militar de ‘inimigo interno’? "Inimigos estrangeiros"? Como Moraes esperava que os EUA encarariam essa alusão?
9 - Visando instrumentalizar a polarização com o que chama de imperialismo norte-americano para obter dividendos eleitorais e se cacifar como liderança emergente do Sul Global, Lula jamais quis abrir um canal de diálogo diplomático ou político com a administração Trump (a embaixadora do Brasil em Washington é ignorada pelo governo americano).
10 - O Brasil não tem condições de entrar numa guerra comercial - ou em qualquer outro tipo de guerra - com os Estados Unidos. Não importa para nada que Trump seja muito ruim. E o fato de Trump e seu protegido Bolsonaro serem muito ruins não torna Lula bom. Enquanto Lula estiver no governo, podemos esperar: com toda certeza, dias piores virão.
A escalada entre L e Trump vai causar muitos problemas para o Brasil, mesmo depois (se tivermos sorte) ele estar fora do governo. Lá, como aqui, a roda vai girar e vão entrar novos governos, provavelmente opostos aos atuais. E nosso próximo presidente terá que ser um estadista, um cara equilibrado e profundo conhecedor da política externa. Teremos isso?
Criminosos narcofacistas, terroristas Hamas governam é isso que acontece.