A ideologia deu um tiro no pé da diplomacia
A CELAC - Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos surgiu em 2011 como um artifício para lutar contra o imperialismo norte-americano. Fundada oficialmente em Caracas, em pleno território da proto-ditadura (na época - hoje é uma franca ditadura) da Venezuela, era para ser uma alternativa de esquerda à OEA (da qual faz parte os EUA). Para isolar os americanos, o bloco queria manter diálogo estreito com a União Europeia e outros países e grupos, como Índia, China, Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) e União Africana.
Mas a reunião da CELAC que começou ontem (09/11/2025) foi realizada na Colômbia do esquerdista Petro, aliado de Lula, simplesmente porque não havia mais nenhum país na América do Sul disposto a sediá-la (na ditadura da Venezuela pegaria muito mal e o Brasil já estava ocupado com a COP 30). E daí que quase ninguém apareceu no convescote passadista, nem os governos da esquerda democrática, como os do Chile e do Uruguai, nem mesmo os governos da esquerda populista, como o do México.
Claro que as democracias europeias, salvo raras exceções, também não foram: Ursula von der Leyen, da UE, cancelou sua participação na última hora, dando a entender que não podia ir pois estava… na COP 30. Ironia. Lula abandonou a COP 30, da qual é anfitrião, para ir lá vender a narrativa de que as ameaças de Trump à Venezuela são um ataque à toda a América Latina e tentar novamente turbinar um movimento anti-imperialista na região. Não deu certo. E ainda criou dificuldades adicionais para a negociação com os Estados Unidos de Trump, prejudicando nossos interesses nacionais. Eis aí um caso em que a ideologia deu um tiro no pé da diplomacia.
Por que isso está acontecendo? Parece óbvio. Porque o populismo de esquerda não conseguiu sair do século 20. Continua com a cabeça da primeira guerra fria embora já seja um agente, conscientemente ou não, da segunda guerra fria. Os chefes de governo que persistem no passsado - na América Latina: Canel em Cuba, Cláudia-Obrador no México, Xiomara-Zelaya em Honduras, Ortega na Nicarágua, Maduro na Venezuela, Petro na Colômbia, Lula no Brasil (e, até há pouco, Arce-Evo na Bolívia) - também são, não por acaso, os que apoiam o eixo autocrático (Putin na Rússia, Xi Jinping na China, Kim Jong-un na Coreia do Norte, Khamenei no Irã e seus braços terroristas et coetera) na sua nova guerra fria para exterminar as democracias liberais.
No Brasil, infelizmente, continuamos sob a influência maléfica de cabeças retrógradas como a de Celso Amorim, um delinquente ideológico que insistiu com Lula para abandonar o ambiente da COP 30 para ir à Colômbia tentar defender, junto com Petro, o ditador Maduro - governante ilegítimo que acaba de roubar as eleições na Venezuela. Não é só Amorim, é claro. É todo o PT, composto por revolucionários (à moda antiga mesmo) disfarçados de progressistas, que pensa assim.
E pensar que justamente ontem (09/11/2025) fez seu trigésimo-sexto aniversário a queda do Muro de Berlim, um muro que ainda não caiu dentro da cabeça de Lula e do PT. Sim, ideologia é droga pesada e não há processo de washout que resolva.
Nada indica que o PT vai mudar. Pelo contrário (como sinalizam as recentes indicações de Gleisi e Boulos - ambos defensores de Maduro e de outros ditadores de esquerda, na América Latina e no mundo - para ministérios palacianos). Vai se alinhar cada vez mais ao eixo autocrático, vai retrogradar nas suas concepções até se instalar definitivamente nos anos 80 do século 20 (antes da queda do Muro), quando surgiu. O que é mais uma evidência de que estamos diante de um ente incapaz de aprender.



