As eleições de 2026 serão legítimas?
Segundo Guilherme Boulos, em declaração recente, Lula luta contra o sistema. OK então. Vamos lembrar de dois fatos marcantes dessa luta.
1) Lula foi condenado por ter recebido 3,7 milhões de reais em propina da construtora OAS, disfarçada como reforma e reserva de um apartamento triplex no Guarujá (SP).
2) Lula também foi condenado por ter recebido 1 milhão de reais em reformas no sítio em Atibaia (SP), pagas pelas empreiteiras OAS, Odebrecht e pelo pecuarista José Carlos Bumlai, em troca de favorecimento em contratos da Petrobras.
Ambas as condenações foram anuladas pelo STF por erro de CEP. Lula nunca foi absolvido desses crimes. Mas vai ver é isso mesmo que Boulos quis dizer. O cara luta contra o sistema, quer dizer, contra as regras do Estado democrático de direito.
Há coisas que a gente acaba esquecendo. Vem ao caso relembrar uma. Num Estado democrático de direito não é permitido roubar.
O fato é que ficou tudo por isso mesmo. Lula foi preso por um período em sala especial da Polícia Federal em Curitiba. Nenhum dinheiro foi devolvido.
Enquanto isso, Bolsonaro venceu as eleições de 2018 e fez um governo tão desastroso que Lula, descondenado pela suprema corte, candidatou-se pela terceira vez em 2022 e venceu as eleições com o voto dos antibolsonaristas, inclusive de uma parcela de eleitores antipetistas.
Eleito, Lula retomou o seu comportamento anterior e tirou do arquivo morto as antigas propostas do PT como se nada tivesse acontecido.
As pessoas esquecem, mas é necessário lembrar. O PT votou contra a Constituição de 1988, o Plano Real, as Privatizações, a Responsabilidade Fiscal, o Teto de Gastos, a Autonomia do Banco Central, o Marco do Saneamento Básico, a Lei Anti Facção e pediu ao STF para suspender a Lei das Estatais. Além disso, foi contra a Reforma Trabalhista, a primeira versão da reforma da Previdência e o fim do imposto sindical obrigatório. Tentou impedir a instalação da CPMI do INSS e pediu ao STF para suspender as ações dos aposentados contra o roubo cometido pelos sindicatos pra não ter que pagar danos morais. São fatos, apenas fatos.
Para legitimar essa folha corrida de realizações contra a boa governança Lula transformou seu terceiro governo numa espécie de campanha eleitoral permanente, animada pela velha ideia do “nós contra eles” que o PT havia instaurado, desde o início do século, na política nacional. Agora na versão “pobres contra ricos”, em especial jogando a culpa de todas as nossas mazelas nos “super-ricos”.
Chega a ser engraçado porque, no Brasil, Lula é um super-rico. O patrimônio mais recente declarado por Lula ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), durante a campanha presidencial de 2022, foi de R$ 7,4 milhões. Esse valor inclui:
. R$ 5,57 milhões em uma aplicação de previdência privada (VGBL);
. Três apartamentos (dois avaliados em R$ 19.167,34 cada e um em R$ 94.571,25);
. Três terrenos (R$ 2.733,45, R$ 130.000,00 e R$ 265.000,00);
. Dois veículos (R$ 48.475,00 e R$ 85.000,00);
. Aplicação de renda fixa (R$ 185.744,81);
. Caderneta de poupança (R$ 4.719,22);
. Depósitos bancários (R$ 20.862,23);
. Créditos de empréstimo (R$ 250.000,00);
. Outros bens e direitos (R$ 430.020,99);
. Outras aplicações (R$ 333,17);
. Construção (R$ 246.918,82).
Esses não são valores atualizados. Estão depreciados (como é que um apartamento pode valer menos de 20 mil reais?). E não incluem eventuais bens não-contabilizados (como diria Delúbio) ou que permanecem em nome de terceiros.
Pois bem. Chegamos ao final de 2025 e a campanha eleitoral de 2026 já começou (a rigor, começou em 2023). Se o TSE e o STF proibirem que, durante a campanha, as oposições lembrem esses fatos (os fatos, apenas os fatos aqui mencionados) as próximas eleições não serão legítimas.




A campanha eleitoral de Lula nunca parou. Eleito, ele assume o governo e a oposição ao próprio governo, fazendo 2 discursos por dia (no mínimo) criticando tudo de errado que ele próprio criou, destaque especial para a condescendência com a ignorância e apologia ao crime sem punição, princípio moral de Lula e do petismo sem freios.
Com frequência, a justiça eleitoral tem se valido do entendimento de que críticas veiculadas nos programas eleitorais gratuitos devem se restringir a pontos programáticos que constem explicitamente dos programas dos adversários. Críticas pessoais e por proximidade têm sido coibidas, principalmente as dirigidas a candidatos de esquerda, cujas ideias foram amplamente "normalizadas" por nosso "establishment" jurídico, educados nessa cultura. No ano que vem não será diferente.