As lições do Uruguai e o perigo que virá do Brasil
O Uruguai é uma das poucas democracias liberais da América Latina (junto com Costa Rica, Chile e Suriname). Lá a alternância democrática é um valor. Depois de Sanguinetti, veio Lacalle. Em seguida novamente Sanguinetti e Batle. Aí foi eleito Vázquez da Frente Ampla e depois Mujica e novamente Vázquez, sucedido por Lacalle Pou. Agora venceu Orsi da Frente Ampla e tudo continuará na mais perfeita normalidade. Sem a polarização tóxica que se vê por aqui e que Lula gostaria que se instalasse lá, estragando uma admirável experiência democrática.
O perigo para o "progressista" Orsi, novo presidente do Uruguai, não virá do "conservador" Delgado, derrotado por menos de 3% dos votos. O perigo é Lula, que vai tentar alinhar o Uruguai ao eixo autocrático e para lá levar a polarização tóxica "nós contra eles" que plantou aqui.
Sim, foram Lula e o PT que instalaram a polarização tóxica ("nós contra eles") no Brasil. Tudo que contrariava seu projeto era "direita", tudo era "golpe". Até que isso gerou realmente uma direita golpista (bolsonarista), nascida de um comportamento-anti.
Lula e o PT são hoje agentes do eixo autocrático (Rússia, China, Irã e outras ditaduras). Se a Rússia invade a Ucrânia, eles não defendem a agredida. Se a China ameaça Taiwan, eles apoiam a agressora. Se o Irã (via grupos terroristas) ataca Israel, eles acusam a vítima de genocídio. Se Maduro rouba as eleições, eles não condenam o ditador, nem reconhecem a vitória de Edmundo González.
Lula e o PT vão tentar alinhar o novo governo uruguaio, por ser de esquerda, à esquerda populista que adota tal comportamento. Não conseguiram ainda capturar o Chile de Boric, mas vão se esforçar ao máximo para fazer do Uruguai de Orsi um parceiro do México, de Honduras, da Colômbia, da Bolívia e do Brasil - todos regimes eleitorais não-liberais que atrasam a América Latina.