Bolsonaristas e lulopetistas perderam as eleições para o parlamento europeu
Venceu a democracia liberal
No momento em que escrevo ainda não sairam os resultados oficiais. Mas já se pode dizer que, se bolsonaristas e lulopetistas estivessem disputando as eleições para o parlamento europeu, nenhum dos dois venceria.
Outra maneira de dizer a mesma coisa é a seguinte. Quem perdeu? Os populistas de direita e de esquerda; ou seja, objetivamente, Vladimir Putin. Quem ganhou? A União Europeia e os democratas; ou seja, objetivamente, a democracia liberal.
Cinco riscos para a democracia liberal pairavam sobre as eleições europeias. Se a maioria conformada fosse: 1) contra a União Europeia; 2) a favor de Putin contra a Ucrânia; 3) defensora do Hamas contra Israel; 4) tendente a se alinhar ao eixo autocrático (Rússia, China, Coréia do Norte, Irã et coetera); e 5) populista (não importa se extremista ou moderada, de direita ou de esquerda). Felizmente, a maioria que saiu das urnas dará um não a tudo isso.
Segundo as estimativas disponíveis, o partido de Ursula von der Leyen conquistou 181 cadeiras. Os ditos social-democratas, 135. Os liberais (do Renew), 82. Somando tudo dá um total de 389, maioria em 720.
Ursula comemorou a vitória. Mas seu partido (o EPP) nada tem a ver, por exemplo, com a AfD, não é de extrema-direita. Ela declarou hoje: "Vamos construir um escudo contra os extremos, da esquerda e da direita, vamos detê-los.”
Resumo: os partidos de centro venceram as eleições para o parlamento europeu. E só os idiotas de esquerda, que acham que tudo que não é de esquerda é de direita e os idiotas de direita, que acham que tudo que não é de direita é de esquerda, não querem ver isso.
Há também um jornalismo cretino de filopetistas e filobolsonaristas que repete manchetes enganosas de que a extrema-direita venceu as eleições para o parlamento europeu. Isso não aconteceu. Mas explicam-se as contorções.
Para os petistas quem não é de esquerda tem de ser de direita e quem é de direita, bem... é quase a mesma coisa que ser de extrema-direita: posto que esta seria a única ameaça à democracia (leia-se: uma ameça à esquerda), na narrativa da "internacional fascista" como inimigo universal.
Para os bolsonaristas, direita é a mesma coisa que extrema-direita, posto que se define por ser contra a esquerda (ou anticomunista).
Na verdade, nas eleições europeias prevaleceram, mais uma vez, as forças políticas de centro, que não são populistas (de esquerda ou de direita), não são contra a União Europeia, não são a favor de Putin contra a Ucrânia, não apoiam o Hamas contra Israel e nem se alinham ao eixo autocrático. Por isso pode-se afirmar tranquilamente que venceu a democracia liberal.