Cadê o apoio à Ucrânia?
Rafael Ferreira, Inteligência Democrática (27/11/2025)
Tenho lido muito a respeito da guerra da Ucrânia. A mim como democrata soa como natural acompanhar esse conflito porque se trata de uma ameaça clara à democracia no mundo. Fico triste de não ver esse interesse nos círculos políticos no Brasil, no entanto.
Essa semana, por exemplo, li um comentário a respeito da guerra que me chamou a atenção. Trata-se de uma menção ao ex-diplomata russo Boris Bondarev (publicada em artigo no Estadão) que analisa o que significa o conflito para Putin:
“Ele não está lutando pelas aldeias da Ucrânia. Ele não está lutando pelo território da Ucrânia, nem mesmo pelas terras raras da Ucrânia. Ele está lutando por um resultado muito maior. (...) Não se trata de território. Depende de quanto tempo os ucranianos vão lutar, então seu objetivo é esmagar o apetite deles de resistir.”
Dentre os atos englobados como genocídio pela Convenção de 1948 das Nações Unidas está explicitado: “causar lesões graves, físicas ou mentais, a membros do grupo; (...) submeter intencionalmente o grupo a condições de vida calculadas para provocar sua destruição física total ou parcial; (...) transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo”.
“O genocídio é um crime de intenção contra a própria existência de um grupo humano identificado, sendo um dos crimes mais graves do direito internacional” - diz a Inteligência Artificial do Gemini sobre o assunto.
Em que pese a possível divergência sobre a interpretação de Putin como genocida, mesmo que vejamos tantos militantes dispostos a acusarem de atos genocidas agentes estatais de outras colorações ideológicas, a gravidade de um país soberano ser invadido por outro deveria ser objeto de debate político mais intenso por aqui, pois tal conduta fere princípios constitucionais muito claros como a autodeterminação dos povos e o princípio da não-intervenção.
A ausência de uma posição mais contundente em favor da Ucrânia nos círculos políticos mais vocais, longe de expressar desconhecimento de geografia mundial, revela não só nosso vácuo democrático como também evidencia uma postura frágil da nossa classe política em relação a um governo claramente pendente para posições autocráticas no teatro da geopolítica mundial.
Se vocês que me leem divergem de mim quanto a isso desafio a me mostrarem alguma declaração de liderança política em favor da Ucrânia. Até por questão de justiça, seria importante divulgar para o eleitor interessado no tema da democracia.




Rafael, um político que tem se destacado com diversas declarações e ações em defesa da Ucrânia é o senador Flávio Arns (PSB-PR). Ele tem sido uma voz ativa no Congresso Nacional na defesa da soberania e integridade territorial do país contra a invasão russa.
Sua posição é clara como presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Ucrânia, autor do requerimento que resultou na aprovação, pelo plenário do Senado em fevereiro de 2025, de um voto de solidariedade à Ucrânia pelos três anos da invasão militar russa. Também tem lamentado publicamente a posição de neutralidade do governo brasileiro em certas votações na ONU, como a abstenção na resolução que reafirmava o apoio à integridade territorial da Ucrânia. O senador também busca influenciar a diplomacia brasileira, como quando solicita ao presidente Lula que receba representantes da comunidade ucraniano-brasileira para ouvir suas considerações sobre a busca pela paz.
Valeu, Luiz! Importante saber isso. Pelo menos pra mim, mas acredito que para todo democrata.