O fato de ainda não haver (em maio de 2025) um candidato de centro democrático com chances de obter 15 a 20% no primeiro turno e passar ao segundo turno em 2026 não inviabiliza a articulação dos que querem se ver livres da polarização entre os dois populismos que parasitam nosso regime político.
Se um centro democrático não for articulado agora, nem em 2030 ele existirá como alternativa concreta, quem sabe nem em 2034. Mas 2030 passa por 2026 e 2026 é agora, pois a campanha já começou.
Ou seja, 2026 é para valer e não para dizer:
"Eu bem que queria, mas sabe como é, Lula e alguém apoiado por Bolsonaro irão de qualquer jeito para o segundo turno".
Não, não irão necessariamente. Isso só serve para, mais adiante, ter uma desculpa para dizer:
"Vamos apoiar Lula mesmo já que não há alternativa melhor aos golpistas".
As pesquisas disponíveis, quando analisadas com profundidade, indicam que, em condições normais, Lula não ganha fácil a eleição de 2026. O que não significa que ele já perdeu e sim que as eleições de 2026 tendem a não ocorrer em condições normais. O que seriam condições anormais? Ora, vamos dar apenas dois exemplos flagrantes.
Primeiro exemplo. Tribunais atuando como partidos políticos:
O judiciário cassando candidaturas e tornando concorrentes competitivos inelegíveis, na base do “perigo de gol”.
O judiciário proibindo que campanhas de oposição falem da história de corrupção do PT.
O judiciário proibindo que se fale da aliança histórica de Lula e do PT com ditaduras (como Cuba, Venezuela, Nicarágua, Angola) e que se denuncie a aproximação de Lula com Putin, sua admiração por Xi Jinping e sua simpatia pelos teocratas iranianos.
O judiciário tirando do ar mídias sociais (como foi feito com o X na eleição de 2024) e veículos dissidentes do governo.
O judiciário aprovando, por cima do parlamento, uma regulamentação das mídias sociais e tradicionais que estabeleça alguma forma de censura (na linha da histórica proposta do PT de “regulação social da mídia”).
O judiciário usando o inquérito do fim do mundo sem fim para fazer uma campanha para salvar a democracia (na base da ideologia da “democracia militante” loewensteiniana), usando a tese petista do “golpe continuado”.
Segundo exemplo. Veículos de comunicação profissionais atuando como partidos políticos:
Veículos de comunicação profissionais (em especial as TVs) fazendo campanha antecipada diariamente, “mastigando” as notícias desfavoráveis até torná-las favoráveis ao governo ou anódinas.
Veículos de comunicação profissionais atuando, organicamente, como parte do sistema de governança oficial.
Veículos de comunicação profissionais com uma maioria de jornalistas que viraram propagandistas do governo (divulgando vergonhosamente as peças do marketing oficial) e de analistas que viraram assessores informais do governo (dando conselhos para salvar Lula e o PT de si mesmos).
É com isso que deveriam estar preocupados os democratas e não em ficar fazendo apostas na loteria do calculismo eleitoreiro. E não ficar aventando grandes nomes capazes de arrebanhar caminhões de votos, sem uma articulação e sem um programa capaz de dar consistência a uma alternativa à polarização estabelecida pelos dois populismos .
De qualquer modo - com chances grandes ou pequenas de fazer a diferença em 2026 - é necessário que isso seja feito. A democracia é o tipo de regime que funciona com situação democrática e oposição democrática. O regime democrático não funciona bem sem oposição. Faz parte do seu metabolismo basal. Quando não há oposição democrática a democracia decai e entra em risco de autocratização.
Se a campanha de 2026 servir, pelo menos, para estruturar uma oposição democrática no Brasil, já será um grande feito.
Eu prefiro o descondenado ganhar em 2026... daí acabamos de vez com a farsa de defesa da democracia e se vê a instalação de vez de uma ditadura de esquerda progressista... vamos demorar a sair dela, ou talvez nunca consigamos, mas um bando de idiotas se lascam juntos... e eu vou embora de vez desse bostil...
Perfeita descrição de um golpe.