Decifrando Pablo Marçal Et al.

Comportamentos delinquentes como os de Pablo Marçal, de Bolsonaro e de muitos bolsonaristas são reprováveis. Mas têm uma explicação.

Eles partem da avaliação prática de que é muito difícil, para não dizer impossível, reverter a hegemonia petista, construída por décadas, nas universidades, nos movimentos sociais e sindicais, nos ambientes artísticos e culturais, nos meios de comunicação comerciais e em várias instituições do Estado e da sociedade, por meio da disputa política democrática, sobretudo a eleitoral.

Então apelam para qualquer expediente, mesmo ilegal e ilegítimo, capaz de dar um curto-circuito no que chamam de sistema - usando, entre outros instrumentos, as mídias sociais e os programas de mensagens que ainda estão fora do controle lulopetista. A seu ver, estão fazendo uma revolução - e estão mesmo, só que uma revolução para trás, reacionária.

Quem gerou tudo isso, entretanto, foi a luta política degenerada como continuação da guerra por outros meios, na base do "nós contra eles", introduzida pelo PT. Só há antipetismo porque houve petismo. O petismo irritou parte da sociedade, que se sentiu sufocada, nela criando condições para o surgimento de um comportamento-anti.

O fato desse comportamento ser antidemocrático não significa que o comportamento petista tenha sido democrático. A estratégia, populista e antipluralista, de conquistar hegemonia sobre a sociedade a partir do Estado aparelhado pelo partido para se delongar indefinidamente no governo de sorte a ter tempo para alterar "por dentro" o genoma da democracia, tem consequências adversas como essas a que estamos assistindo.

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Esta nota foi redigida por Augusto de Franco, do staff de Inteligência Democrática.