Eleições francesas: o que interessa aos democratas
Não é a contraposição esquerda x direita
O que interessa aos democratas nas eleições francesas não é esse papo furado de vitória ou derrota da esquerda ou da direita e sim se a França vai continuar mantendo suas posições de defesa das democracias liberais contra o avanço do eixo autocrático (Rússia, Bielorrússia, China, Coréia do Norte, Irã, Síria, Angola, Cuba, Venezuela, Nicarágua etc.) e suas articulações com regimes eleitorais parasitados por governos populistas ditos de esquerda (México, Honduras, Colômbia, Brasil etc.) - inclusive as disfarçadas como BRICS ou Sul Global.
Trocando em miúdos:
1 - A França vai continuar defendendo a União Europeia contra as tentativas de fragmentá-la movidas pelo eixo autocrático e pelas forças populistas-autoritárias internas?
2 - A França vai continuar defendendo a Ucrânia contra a invasão da ditadura russa?
3 - A França vai continuar apoiando o regime democrático de Israel (não o atual governo Netanyahu) contra os ataques da teocracia iraniana e seus braços terroristas (Hamas, Hezbollah, Houthis etc)?
4 - A França defenderá Taiwan contra as tentativas de invasão e anexação da ditadura chinesa?
5 - A França continuará torcendo por Biden ou qualquer outro candidato democrático que concorrer contra Trump nas eleições de novembro de 2024 nos EUA?
Se essas posições forem mantidas, as eleições de 7 de julho de 2024 terão sido favoráveis à democracia. É isso o que realmente importa, não se as forças dominantes que sairam das urnas são consideradas mais ou menos de esquerda ou de direita. Não é possível classificar o conflito que molda politicamente o mundo atual como uma guerra entre esquerda e direita. Do que se trata agora é de defender a democracia contra a autocracia.
Há uma segunda guerra fria em curso. Não é uma simples reedição da primeira guerra fria (1960-1990). É outra coisa. É uma netwar que invade, pervade e se instala dentro de cada país. O importante é se a França vai se manter no campo democrático:
O importante é se a França vai continuar resistindo ao avanço do eixo autocrático:
Na França, existem forças extremistas e, mais preocupante do que isso, existem forças populistas dentro do que se chama de esquerda e do que se chama de direita. Extremistas e populistas não defendem o mundo livre contra o avanço do eixo autocrático. Na composição final do parlamento francês há boas razões para acreditar que essas forças não prevalecerão.
Cristalino.