Inteligência Autocrática
Augusto de Franco, Inteligência Democrática (02/08/2024)
Há uma inteligência perversa construindo narrativas para colonizar a cabeça de jornalistas da grande imprensa. Não estou me referindo aos militantes petistas, ideologizados por Lula e Dirceu para acreditar em qualquer coisa que eles dizem. Estou me referindo aos que plantam interpretações para confundir o público.
Vamos ver alguns exemplos:
1 - A versão de que a vergonhosa posição do Brasil em relação à Venezuela é para evitar que Rússia e China construam bases militares no nosso quintal latino-americano.
2 - A versão de que os que criticam a ditadura de Maduro são irresponsáveis porque estão querendo romper relações diplomáticas com a Venezuela (como fez Bolsonaro) - o que contraria nossos interesses nacionais.
3 - A explicação de que o Brasil não pode tomar partido de nenhum lado, porque nossa tradição diplomática é a da neutralidade, dada a nossa vocação de ser mediadores de conflitos, sempre buscando a paz.
4 - A versão de que Maduro é de extrema-direita (tanto assim que usou o mesmo argumento de Bolsonaro questionando as urnas eletrônicas do Brasil); ou a versão de que Maduro era de esquerda, mas recentemente supreendeu seus aliados históricos (sobretudo Lula) porque deu uma guinada para a direita; ou, ainda, a versão de que, lá no inicinho, Chávez era de esquerda, mas depois virou a chave e escolheu um sucessor que não tinha mais compromisso com o povo e que transformou a Venezuela num regime autoritário.
5 - A versão de que Lula enviou Alckmin para a cerimônia macabra de posse do presidente do Irã, colocando-o ao lado dos piores terroristas do planeta, para salvaguardar os interesses comerciais do Brasil com aquela teocracia.
6 - A desculpa de que o BRICS, uma articulação política de ditaduras e governos populistas de esquerda (na qual não entra nenhuma democracia liberal), é só um bloco econômico para favorecer o nosso desenvolvimento.
7 - A alegação de que aumentamos nosso comércio com Rússia, sabotando as sanções das democracias ocidentais, porque precisamos de fertilizantes e óleo barato e que, portanto, não podemos criticar Putin porque estaríamos prejudicando nossos interesses comercias.
Vamos ficar, por ora, com os sete exemplos acima (já que, como diz o ditado, sete é conta de mentiroso). Mas poderíamos citar mais uma dezena de exemplos de histórias construídas para enganar, ensejando que a imprensa chapa-branca justifique qualquer barbaridade do atual governo e do seu partido.
As pessoas que fazem isso não são fanatizadas. Algumas, provavelmente, são intelectuais de academia. Talvez, muitas delas, nem pertençam formalmente à direção do PT. Aqui, sim, estamos diante de trabalho profissional de inteligência: inteligência autocrática.