Lula contra o antipetismo
Lula não perderá a eleição de 2026 para o bolsonarismo e sim para o antipetismo
Se não fosse o petismo, não teríamos o antipetismo. Foi a irritação com o petismo que levou Bolsonaro ao governo em 2018. Será o antipetismo que tirará Lula do governo em 2026. Se as eleições de 2026 ocorrerem em condições normais.
O PT é contrário à alternância democrática. Nunca saiu do governo pelo voto. Eleito em 2002, foi reeleito em 2006, em 2010 e em 2014. Só saiu em 2016, por impeachment, mas voltou em 2022, com a ajuda do STF, para não sair mais. O problema é que não tem voto para vencer novamente em 2026. Por isso as eleições de 2026 tendem a não ocorrer em condições normais.
Sim, Lula só vence o antipetismo em 2026 em condições anormais.
Não sabemos como essas condições anormais se configurarão. Algumas das possibilidades seguem abaixo:
1 - O judiciário cassando candidaturas e tornando concorrentes competitivos inelegíveis, na base do “perigo de gol”.
2 - O judiciário proibindo que campanhas de oposição falem da história de corrupção do PT.
3 - O judiciário proibindo que se fale da aliança histórica de Lula e do PT com ditaduras (como Cuba, Venezuela, Nicarágua, Angola) e que se denuncie a aproximação de Lula com Putin, sua admiração por Xi Jinping e sua simpatia pelos teocratas iranianos.
4 - O judiciário tirando do ar mídias sociais (como foi feito com o X na eleição de 2024) e veículos dissidentes do governo.
5 - O judiciário aprovando, por cima do parlamento, uma regulamentação das mídias sociais e tradicionais que estabeleça alguma forma de censura (na linha da histórica proposta do PT de “regulação social da mídia”).
6 - O judiciário usando o inquérito do fim do mundo sem fim para fazer uma campanha para salvar a democracia (na base da ideologia da “democracia militante” loewensteiniana), usando a tese petista do “golpe continuado”.
7 - Veículos de comunicação profissionais (em especial as TVs) fazendo campanha antecipada diariamente, “mastigando” as notícias desfavoráveis até torná-las favoráveis ao governo ou anódinas.
8 - Veículos de comunicação profissionais atuando, organicamente, como parte do sistema de governança oficial.
9 - Veículos de comunicação profissionais com uma maioria de jornalistas que viraram propagandistas do governo (divulgando vergonhosamente as peças do marketing oficial) e de analistas que viraram assessores informais do governo (dando conselhos para salvar Lula e o PT de si mesmos).
10 - Institutos de pesquisa de opinião e agências de checagem de notícias, aparelhados pelo PT, promovendo levantamentos favoráreis a Lula e descredibilizando matérias críticas à campanha oficial.
Examinemos agora a controvérsia sobre a regulação das mídias sociais.
Politicamente, essa regulação das mídias sociais tem a ver com a reeleição de Lula. Lula não tem mais maioria para vencer em 2026, mas tem a seu lado as TVs. Então o STF está forçando a barra para que seus concorrentes não possam usar as mídias sociais para fazer campanha.
O STF impôs por maioria a regulação das mídias sociais. Haverá um órgão fiscalizador. O único poder com legitimidade para decidir sobre a composição e o funcionamento desse órgão seria o legislativo. Mas a suprema corte vai querer inventar um órgão subordinado direta ou indiretamente a ela. Agora a única maneira de evitar a recriação de uma espécie de DIP getulista disfarçado é o Congresso aprovar, em regime de urgência, uma lei sobre o assunto. Se isso for feito, porém, o STF está pronto para julgar essa lei, seja ela qual for, inconstitucional.
Formou-se uma maioria no STF que não se explica pela dinâmica própria das instituições jurídicas. Para todos os efeitos práticos, a suprema corte se converteu em uma espécie de partido político informal aliado ao governo. As consequências serão desastrosas para a democracia.
Vocês são sem dúvida a melhor não imprensa que temos atualmente. Bravo!
Exatamente assim.