Não haverá paz na Palestina
Enquanto a ditadura do Hamas em Gaza não cair, não haverá paz. Enquanto o Irã não desistir de sua guerra para destruir Israel, não haverá paz. Pode haver cessar-fogo temporário, que deve ser celebrado. Mas paz não haverá.
Gaza da superfície (terra de palestinos "sequestrados" pelo Hamas) está bastante destruída. Mas Gaza subterrânea (esconderijos e instalações militares dos terroristas sequestradores do Hamas) está, em boa parte, intacta (estima-se que cerca de 50% dos tuneis não foram destruídos). Israel, mesmo com a ajuda dos EUA, não poderá destruir tudo isso no curto prazo sem aniquilar extensas parcelas da população. Com armas atômicas, seria impraticável, além de inaceitável. Com deslocamento populacional (equivalente a uma limpeza étnica), também seria impraticável e inaceitável.
A população atual estimada de Gaza é de cerca de 2.200.000 pessoas. Segundo os números (falsos) do Hamas foram mortos na guerra 46.000 palestinos, o que dá cerca de 2%. O Hamas nunca diz quantos dos seus cerca de 40 mil combatentes originais - cujo contingente vivo é estimado hoje em 25 mil terroristas - foram mortos (para deixar no ar a propaganda de guerra de que Israel só matou mulheres, criancinhas, idosos, doentes e civis indefesos).
Repetindo. Não há solução para o conflito em Gaza se a ditadura do Hamas não cair. Trump pode bravatear, mas não tem condições de derrubar a ditadura do Hamas. Ademais, esse conflito é parte da guerra do Irã contra Israel. Portanto, o conflito também não terá solução sem a dissolução da IRGC (Guarda Revolucionária Iraniana). O Irã e seus braços terroristas (como o Hamas, a Jihad Islâmica, o Hezbollah, os Houthis e mais uma dezena de organizações jihadistas coordenadas pela IRGC nas 14 ditaduras do Oriente Médio) não querem dois Estados na Palestina. Querem o fim do Estado de Israel. Como negociar nessas condições?
É muito difícil qualquer negociação com os terroristas do Hamas. Porque eles não temem retaliações se romperem acordos. Estão impregnados da ideologia do martírio. Ensinam crianças palestinas, suas vítimas, a cultuar os mártires e a desejar ser como eles. A morte está entronizada, em extensas parcelas da população dominadas pelo Hamas, como um valor social (e religioso).
Além disso, o Hamas não luta propriamente por território. Sua guerra não é regional e sim mundial. É uma das linhas da netwar do eixo autocrático (Rússia, China, Irã etc.) contra as democracias liberais.
Talvez houvesse um início de solução se a Palestina fosse ocupada por uma força internacional de paz (armada) que garantisse o funcionamento de uma autoridade palestina sobre os territórios de Gaza e Cisjordânia (da qual não poderiam participar organizações terroristas teleguiadas pela teocracia iraniana). Mas isso só seria possível com a queda do governo Netanyahu (e o isolamento dos grupos judaicos supremacistas que o compõem, que também não querem paz e sim a aniquilação dos palestinos e a ereção do "Grande Israel" do rio ao mar).
O primeiro movimento possível está nas mãos da sociedade democrática israelense: é a derrubada do governo Netanyahu. Sob o governo Trump, entretanto, isso ficou bem mais difícil.