O historicismo do PT é o marxismo
Outro dia o William Waack escreveu que o governo brasileiro toma como dado que a nova ordem mundial será protagonizada por países como China, Irã e Rússia, e que todo o movimento da diplomacia obedece a esse suposto desígnio. Isso remete a uma posição historicista que entende que a história tem leis universais e o caminho para o futuro pode ser previsto.
Tal postura não deveria ser novidade para quem observa as posições históricas do PT e dos intelectuais que defendem o lulopetismo. Por mais que sejam caricaturais as críticas do bolsonarismo ao esquerdismo no Brasil, não há como negar que há uma base marxista que impulsiona o petismo e, por consequência, do que se convencionou chamar de esquerda por aqui. E essa base marxista fundamenta o historicismo em questão.
Nessa linha de entendimento, a divisão em dois blocos na cena internacional soa como sinal evidente de que há um lado a tomar, e é o lado do que se prefigura como vencedor. O tempo presente só é um passo para o futuro anunciado.
A tortura, a perseguição, o ataque sexista entre outras arbitrariedades cometidas como política institucional por países que compõem esse bloco são apenas um mal necessário para se chegar a um futuro de salvação. Como não lembrar da ditadura do proletariado, passagem vislumbrada por Marx para se atingir o reino da igualdade?
Ao fim e ao cabo, só evidencia o quanto essa base de entendimento que sustenta a posição do governo não tem compromisso com a democracia. A política dita externa praticada atualmente é uma forma de dizer para a sociedade que ela deve sim ser tutelada em favor de um futuro de redenção.
Esta nota foi redigida por Rafael Ferreira, do staff de Inteligência Democrática, em 16/08/2024.