O significado da disputa eleitoral em São Paulo
O fundamental para a democracia é impedir a vitória de Boulos
Se Boulos fosse presidente do Brasil teria embarcado anteontem para Kazan, na Rússia, para participar da cúpula do BRICS, uma articulação política das maiores ditaduras do planeta e de governos populistas disfarçada de bloco econômico. Alguém duvida?
Alguém viu Boulos defendendo a resistência ucraniana contra a invasão militar da ditadura russa?
Alguém viu Boulos protestando contra as tentativas da ditadura chinesa de anexar Taiwan?
Aliás, alguém viu Boulos defendendo o reconhecimento da vitória da oposição venezuelana fraudada por Maduro?
Ah! Mas Boulos não é candidato a chefe de Estado, não tem que ser cobrado por posições em relação à política externa do Brasil. Pois bem, então continuemos.
Alguém viu Boulos defendendo a autonomia do Banco Central e das Agências Reguladoras?
Alguém viu Boulos defendendo reforma administrativa, corte de gastos e equilíbrio fiscal?
Tudo isso está no mesmo pacote. Boulos é um representante da esquerda populista e autoritária reunida na foto que ilustra este post (tirada em Havana, nas exéquias de Fidel).
Boulos não tem como sonho cuidar da cidade de São Paulo. A prefeitura é apenas um trampolim para impulsionar sua carreira de imitar para tentar substituir Lula mais adiante. Ele - assim como Lula, seu modelo - é um agente político do populismo de esquerda que se alia ao eixo autocrático contra as democracias liberais.
De um ponto de vista político mais geral, para o PT, a eleição em São Paulo pode ser tudo, menos a escolha do futuro administrador da cidade. É o lugar onde o populismo de esquerda joga todas as suas fichas para tentar se recuperar da debacle eleitoral de 2024 e para construir uma cabeça de ponte visando a disputa presidencial de 2026.
Por tudo isso, nem se trata de votar em Nunes no próximo dia 27 de outubro. Trata-se de impedir a vitória do agente Boulos. Se a diferença entre Nunes e Boulos for muito grande a favor do primeiro, pode-se até votar nulo. O que os democratas não podem fazer é correr o risco de uma vitória de Boulos.
Legenda da foto em Havana (12/2016). Na primeira fila, da esquerda para a direita: Wagner Freitas (Presidente da CUT), Lula, Daniel Ortega (presidente da Nicarágua), Dilma Rousseff, Raúl Castro, Nicolás Maduro (presidente da Venezuela) e Evo Morales (presidente da Bolívia). Segunda fila: Guillaume Long (chanceler do Equador), Guilherme Boulos (MTST), Fernando Morais (Nocaute), Monica Valente (secretária de Relações internacionais do PT) e Raúl Guillermo Castro (neto de Raúl Castro). Terceira fila: David Choquehuanca (chanceler da Bolívia), Olímpio Cruz Neto, João Pedro Stédile (MST) e Breno Altman (fundador de Opera Mundi). No alto, Miguel Diáz-Canel (vice-presidente de Cuba na época, atual ditador), Delcy Rodríguez (chanceler da Venezuela) e Bruno Rodríguez (chanceler de Cuba). Há ausências importantes nessa foto, de cerca de três dezenas de dirigentes que compõem o núcleo duro do "Partido Interno" (ver Orwell, 1984) do PT. A principal ausência é a do ideólogo petista Dirceu, que não pode comparecer por estar preso a outros compromissos naquela data…
Novamente, o pior cenário de escolha, entre os menos ruins, em termos democráticos. Estamos sempre correndo o risco, flertando com o populismo autocrático.