Por que os conceitos de direita e esquerda são impotentes para caracterizar uma força ou tendência política
1/10 - Para caracterizar uma força ou tendência política o relevante não é a ideologia confessada por seus integrantes e sim o seu comportamento político.
2/10 - Os conceitos de direita e esquerda são impotentes para descrever comportamentos políticos.
3/10 - O contrário de um populista dito de direita (nacional-populista) não é um populista dito de esquerda (neopopulista) e sim um liberal. Populistas de qualquer ideologia são sempre iliberais ou não-liberais.
4/10 - Liberal (na acepção política do termo) é quem toma a liberdade (e não a ordem) como sentido da política e quem acha (e se comporta condizentemente com isso) que é a sociedade que deve controlar o Estado (e não o contrário, quer dizer, quem age para conquistar hegemonia sobre a sociedade a partir do Estado aparelhado por um partido ou por uma força política).
5/10 - Liberais não dividem a sociedade a partir de uma única clivagem (povo x elites) e não convertem a política numa continuação da guerra por outros meios, na base do "nós" contra "eles".
6/10 - Liberais não deslegitimam os que estão do "outro lado", transformando adversários em inimigos (da pátria, do povo, da nação, do Estado ou de deus) e buscando sempre suplantá-los ou exterminá-los, mas procuram tratar as divergências por meio de um debate aberto e tolerante, valorizando a moderação e a busca do consenso.
7/10 - O contrário de conservador é (como deveria ser lógico) inovador e não necessariamente os que se chamam nos dias que correm de progressistas. Um progressista não liberal pode ser um populista ou um revolucionário.
8/10 - O contrário de reacionário (dito de direita ou extrema-direita) seria revolucionário. Mas um reacionário (como Bannon, Salvini, Wilders, Farage, Chrupalla, Weidel e Gauland, Riikka Purra, Abascal, Ventura ou Bolsonaro) quer também fazer uma revolução, só que para trás e, por isso, não é um conservador (e sim um retrogradador). Revolucionários (ditos de esquerda ou extrema-esquerda), por sua vez, não raro se disfarçam atualmente de progressistas, mas podem ser populistas, quer dizer, não-liberais.
9/10 - Liberais podem ser conservadores ou inovadores, mas estão sempre no campo da democracia. Via de regra, porém, em ambientes polarizados, os conservadores são chamados pelos revolucionários (disfarçados de progressistas) de "fascistas". Os liberais são chamados pelos reacionários (disfarçados de conservadores) de "comunistas".
10/10 - Populistas de qualquer matiz usam a democracia contra a democracia liberal. Se forem nacional-populistas (como Orbán, Erdogan ou Bukele) acabam convertendo a democracia eleitoral numa autocracia eleitoral. Se forem neopopulistas (como Obrador, Xiomara, Petro, Arce e Lula) impedem que a democracia eleitoral se converta em democracia liberal; ou em casos extremados (como Maduro e Ortega), convertem a democracia eleitoral em uma autocracia eleitoral.
Esta nota foi redigida por Augusto de Franco, do staff de Inteligência Democrática.
Tinha certeza que está nota foi escrita por Algusto de Franco já no meio da leitura.
Então não foi surpresa nenhuma que vi o nome dele na nota de rodapé.
Agradecida a todos vocês, o Liberalismo respira no Brasil!