Nas últimas três décadas estamos investigando padrões autocráticos. Padrões são caminhos sulcados no espaço-tempo dos fluxos que conseguem se replicar em outras regiões do espaço e do tempo, são modos recorrentes de interagir, de ver e de interpretar, comportamentos compatíveis com algumas ideias-matrizes: no caso de padrões autocráticos, essas ideias são míticas, sacerdotais e hierárquicas.
Uma cultura baseada em matrizes míticas, sacerdotais, hierárquicas e autocráticas continua se reproduzindo após 5 a 6 milênios de ter surgido. A democracia, quando foi inventada pela primeira vez, na passagem do século 6 para o século 5 a.C., foi uma brecha aberta no muro dessa cultura patriarcal que se reproduzia coetaneamente em Esparta, Creta e Siracusa - e, na verdade, em todos os lugares que passaram pela idade das trevas que começou com a invasão dória e o final da civilização micênica, do final de 1150 a 800 a.C. Os dórios já eram um povo imerso em uma cultura patriarcal, dita indo-europeia, de caráter guerreiro. Por isso pode-se afirmar que havia um tribalismo patriarcalista Dório.
Mas, levando em conta toda a trajetória do Homo Sapiens, o patriarcado - como padrão civilizatório - é uma criação recente. A maior parte da caminhada dos seres humanos sobre a Terra nos últimos 150 mil anos - nos grupos de caçadores e coletores, nas tribos paleolíticas e nas aldeias agrícolas neolíticas, por exemplo - não se deu em sociedades ou agrupamentos patriarcais. O patriarcado nasce com o surgimento de um estamento sacerdotal que erigiu um Estado-Templo, do tipo do sumeriano (ou, quem sabe, possivelmente, com a invasão de hordas orientais de pastores, agricultores e caçadores que se transformaram em guerreiros e erigiram proto-Estados bélicos), como tronco gerador de programas verticalizadores da rede social.
Mas isso foi assim mesmo? Bem... essa é uma leitura que, como toda leitura do passado, “cria” história. Em outras palavras, é uma escolha de uma linha temporal possível no passado.
Uma coisa, porém, parece evidente: padrões autocráticos são gerados em determinadas configurações do campo interativo da convivência social.
PADRÕES AUTOCRÁTICOS SÃO GERADOS EM IDADES DAS TREVAS
Vejamos alguns exemplos de configurações onde, segundo nossa hipótese, surgiram padrões autocráticos:
Idade das trevas na Suméria: 4.000-2.000 a.C. (da formação do estamento sacerdotal com a ereção do Estado-Templo à queda das cidades-Estado como Ur e Uruk).
Idade das trevas na Europa Antiga: 4.000-1.000 a.C. (do surgimento dos kurgans ou da cultura Yamna e da sociedade proto-indo-europeia à Idade das trevas na Grécia).
Idade das trevas na Grécia: 1150-800 a.C. (do final da civilização micênica e a invasão dória ao florescimento das cidades-Estado gregas).
Idade das trevas na Europa: 476-768 (da queda de Roma à ascensão de Carlos Magno).
Tivemos uma década das trevas no século 20: 1934-1944 (da ascensão de Hitler ao final da segunda guerra mundial) dentro da primeira onda de autocratização caracterizada pela ascensão dos totalitarismos (1922-1944).
Mas não tivemos uma idade das trevas como as duas mais recentes anteriores (que duraram, cada uma, cerca de 300 anos). Talvez ela venha agora, dentro da terceira onda de autocratização caracterizada pela ascensão dos populismos do século 21, o surgimento do eixo autocrático e a segunda grande guerra fria (o novo tipo de guerra mundial, na forma de netwar).
NEXOS IA
É difícil garimpar padrões autocráticos em todos os lugares e épocas em que eles se manifestaram originalmente (quer dizer, supostamente pela primeira vez, ainda que isso seja sempre muito incerto). Isso exigiria o trabalho de vários equipes com numerosos pesquisadores investigando relatos históricos de “idades das trevas”, literatura distópica, análises de regimes políticos e descrições da “anatomia” e da “fisiologia” de organizações que funcionaram como laboratórios desses padrões.
Para ajudar (ou acelerar) esse esforço criamos um Agente de Inteligência Artificial - chamado NEXOS - especialmente treinado para reconhecer padrões autocráticos. Abastecemos esse agente com uma lista demonstrativa (não-analítica) contendo pouco mais de setenta exemplos de indícios:
a) da presença de processos de autocratização da vida cotidiana,
b) de reprodução de pressupostos hierárquico-autocráticos, em geral aceitos como verdades evidentes por si mesmas (ideias-implante básicas ou rotinas de um programa autocrático instalado na mente coletiva),
c) da existência de acentuada hierarquização (topologias da rede social mais centralizadas do que distribuídas),
d) da adesão por boa parte dos agentes a princípios de modos de regulação autocráticos,
e) da existência de estado de guerra como dinâmica organizadora do cosmo social e
f) do estatismo como ideologia e comportamento político.
Essa é a raiz do NEXOS.
Abastecemos também o NEXOS com um conjunto de onze livros distópicos ou ficções assemelhadas:
A Nova Utopia de Jerome K. Jerome (1891)
Nós de Yevgeny Zamyatin (1921)
Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley (1932)
O Zero e o Infinito (Darkness at Noon) de Arthur Koestler (1941)
A Revolução dos Bichos (Fazenda Animal) de George Orwell (1945)
1984 de George Orwell (1949)
Fahrenheit 451 de Ray Bradbury (1953)
O Senhor das Moscas de William Golding (1954)
Um dia na vida de Ivan Denisovich de Alexander Soljenítsin (1962)
O Conto da Aia de Margaret Atwood (1985)
Star Wars: Manual do Império de Daniel Wallace (2015)
Em próximas gerações do NEXOS, serão incluídos descrições de totalitarismos e autoritarismos mais exacerbados dos séculos 20 e 21 (como o nazismo e o stalinismo, mas também todos os fascismos, o regime de Pol Pot no Cambodja, a China maoista e o regime centralizado de Xi Jinping e a Coreia no Norte sob a dinastia Kim). E também uma sistematização de matrizes hierárquico-autocráticas a partir das quais foram urdidos organismos malignos à democracia, laboratórios como a Krypteia espartana, a SS nazista, a KGB (e seus antecessores: a Cheka, o GPU/OGPU, o NKVD, o NKGB, o MG) e a FSB, a Irmandade Muçulmana, a IRGC - Corpo de Guardas da Revolução Islâmica. Ainda permanecem como desafios recuar a pesquisa para examinar as condições do surgimento do patriarcado.
Sinais de reconhecimento de padrões autocráticos
Tudo começa com a leitura e reflexão exploratória na busca de “isomorfismos” (em sentido figurado ou metafórico), ou melhor, de características que permitam o mapeamento entre objetos para desvelar relações entre suas propriedades ou operações. No caso estamos buscando identificar padrões de organização e de regulação que permitam reconhecer a presença – em diferentes manifestações ou eventos – de matrizes hierárquicas e autocráticas.
Quando se trata de padrões de organização ou comportamento, isomorfismos (lato sensu) são pistas de deciframento. Mas a ciência de reconhecimento de padrões está apenas começando (se é que existirá uma ciência propriamente dita sobre isso).
Usamos a palavra isomorfismo em sentido figurado (e deslizado do seu sentido matemático original). Na álgebra abstrata, um isomorfismo é um homomorfismo bijetivo. Duas estruturas matemáticas são ditas isomorfas se há um mapeamento um-para-um entre os elementos das suas estruturas matemáticas. Essencialmente, dois objetos são isomorfos se eles são indistinguíveis com base apenas na seleção de suas características correspondentes. Isomorfismo é então o mapeamento entre objetos que mostra um relacionamento entre duas propriedades ou operações. Como toda metáfora é imperfeita e corre alto risco de não ser bem-entendida.
Exemplos de indícios de padrões autocráticos
A seguir apresentamos uma lista demonstrativa (não-analítica) contendo apenas exemplos de indícios da presença de processos de autocratização da vida cotidiana, de reprodução de pressupostos hierárquico-autocráticos, em geral aceitos como verdades evidentes por si mesmas (ideias-implante básicas ou rotinas de um programa autocrático instalado na mente coletiva), da existência de acentuada hierarquização (topologias da rede social mais centralizadas do que distribuídas), da adesão por boa parte dos agentes a princípios de modos de regulação autocráticos, da existência de estado de guerra como dinâmica organizadora do cosmo social e do estatismo como ideologia e comportamento político.
a) Indicadores (simbólicos) de autocratização da vida cotidiana
a1 – A limpeza e a pureza (a aversão à sujeira e à contaminação pelo contato com o que é impuro).
a2 – A predominância do branco (e da luz que espanca as trevas).
a3 – As formas geométricas retilíneas (as linhas e ângulos retos) na arquitetura de interiores e exteriores, urbana e rural (ruas, praças, prédios, plantações etc.).
a4 – A arquitetura monumental privilegiando a direção vertical e a repartição e separação dos espaços: muros, escadas, portas, fechaduras…
a5 – A sociedade totalmente organizada e uniformizada (as pessoas com uniformes ou roupas semelhantes, com cortes padrão de cabelo ou penteados canônicos, os conjuntos habitacionais com construções e aparência iguais etc.)
a6 – Os horários fixos válidos para determinadas atividades (eletivas ou compulsórias): a existência de uma espécie de regulamento geral das horas (ou tabela taylorista, com horas para trabalhar, descansar, dormir, fazer sexo, se divertir etc.)
a7 – O silêncio (a aversão ao alarido do chamado populacho ou da turba considerada vil e ao falar alto).
a8 – A ordem (e a aversão ao que é julgado como bagunça ou baderna).
a9 – O culto à bandeira, ao hino e aos símbolos pátrios (e à pátria) e a exaltação do patriotismo.
a10 – Os regulamentos e as numerosíssimas proibições (“levíticas”: para tudo ou quase haverá uma disposição certa ou um modo-de-fazer correto).
a11 – A espada, a coroa, o cetro, o bastão (como símbolos de poder deslizados para a política).
a12 – O intrincado protocolo para qualquer cerimônia, os modos de tratamento canônicos, os numerosos títulos e as reverências ou prostrações para falar com o governante (ou coexistir em sua presença ou até sobreviver diante da sua passagem).
a13 – O culto (necrófilo) do trabalho e a exaltação do trabalhador.
a14 – As restrições à livre sexualidade e a deslegitimação da imaginação criadora.
a15 – A existência – e onipresença – de uma polícia política.
a16 – O sentimento geral de poder estar violando – nas menores ações privadas do dia a dia – alguma regra estabelecida conhecida ou ser interpretado como violador de alguma regra desconhecida e, por isso, cair em desgraça, ter suas aspirações ou demandas preteridas ou ser reprimido pela polícia política (supostamente onisciente).
a17 – A constante vigilância de todos sobre todos e a existência de mecanismos de delação espalhados (que podem ser usados por qualquer um).
a18 – A naturalização da ordem social que impede a percepção, deslegitima alternativas e promove a configuração social existente como necessária (de sorte a fazer com que as pessoas imaginem que as coisas ‘são’ assim e não que ‘estão’ assim).
a19 – A despessoalização: os seres humanos – as pessoas, sempre únicas – são transformados em indivíduos, não raro, designados por números (e não por nomes próprios; ou seus nomes são antecedidos por tratamentos niveladores (camarada, companheiro, irmão) ou sucedidos pelas designações dos cargos funcionais ou hierárquicos que ocupam.
b) Ideias-implante (rotinas do programa básico)
b1 – A felicidade como ideal supremo.
b2 – A igualdade como ideal supremo (e como precondição para a liberdade); ou a ideia de que não pode haver (verdadeira) liberdade sem (ou até que se alcance a perfeita) igualdade.
b3 – A abundância como ideal supremo (que, para ser alcançado, exige a politização da economia como administração da escassez, em geral artificialmente introduzida).
b4 – A utopia (qualquer utopia) como modelo a ser alcançado no futuro (e que, para ser alcançada, exige algum tipo de sacrifício ou de restrição às liberdades no presente).
b5 – O esforço para consertar a natureza, a sociedade ou o ser humano (que teriam vindo com alguma espécie de “defeito de fábrica”).
b6 – A ideia de que existe uma sociedade igual para colocar no lugar da sociedade desigual (e de que essa sociedade igual estaria em alguma espécie de mundo paralelo pronta para ser trazida – ou realizada – a partir das contradições da sociedade desigual, elidindo a evidência de que a sociedade igual é somente o conjunto das relações igualitárias que se traçam aqui e agora por meio de atos singulares e precários).
b7 – A ideia de que a nação é uma grande comunidade de destino e a própria ideia de destino (ou da existência de leis ou disposições transcendentes ou imanentes à história).
b8 – A ideia de que existe uma História (assim mesmo, com H maiúsculo), de que há uma imanência na História, de que a História vai para algum lugar, de que a História é regida por leis (que podem se conhecidas por quem tem a teoria verdadeira e o método corretos de interpretação da realidade).
b9 – A ideia de que a superestrutura da sociedade (a política, a cultura etc.) é determinada em última instância pela sua infraestrutura econômica.
b10 – A ideia de que o ser humano é inerentemente (ou por natureza) competitivo e de que as pessoas se movem buscando sempre maximizar a satisfação de seus interesses ou preferências (que são, ao fim e ao cabo, egotistas).
b11 – A ideia de que não é possível mobilizar a ação coletiva a não ser a partir de lideranças destacadas.
b12 – A ideia de povo como rebanho à espera de um condutor, salvador (messias).
b13 – A ideia de povo eleito (escolhido ou ungido por alguma entidade transcendente que intervém na história para conduzi-lo para algum destino já configurado ou prefigurado).
b14 – A ideia de espaço vital (necessário à consumação do destino de um povo predestinado a cumprir um ideal ou de uma raça superior).
b15 – A ideia de que é direito do povo eleito dominar os demais sem limitações de qualquer natureza, sejam elas impostas por leis humanas ou divinas (sendo esse direito determinado pelo critério único do valor do grupo no interior de uma luta darwiniana).
b16 – O mito fundante: de que a nação teria alguma origem comum em um suposto evento épico ou glorioso (perdido nas brumas do passado).
b17 – A ideia de que não é possível organizar nada sem (uma boa dose de) hierarquia.
b18 – A ideia de que o sentido da política é a ordem (e não a liberdade), seja uma ordem pretérita (não corrompida) sintonizada com alguma ordem cósmica (de origem divina ou natural), seja uma nova ordem mais justa (sintonizada com a História e suas leis).
c) Indicadores da presença de hierarquia
c1 – A existência de sacerdócio (a burocracia, a intermediação, a descentralização da rede em vez da sua distribuição).
c2 – A ordenação top down do Estado e da sociedade (os graus, degraus, a estratificação: camadas sobre camadas).
c3 – Ordem, hierarquia, disciplina, obediência, fidelidade imposta top down, punição e recompensa.
c4 – A busca e manutenção da estabilidade pela aproximação do estado de equilíbrio (e não feita e refeita no fluxo dos sistemas estáveis afastados do estado de equilíbrio).
c5 – As opções preordenadas e a redução dos caminhos possíveis (levando à escolhas sempre limitadas).
d) Princípios do modo de regulação autocrático
d1 – O conflito como uma disfunção (malfunction).
d2 – A resolução do conflito pela eliminação (ou recuperação, restauração ou conserto de um defeito) do elemento ou polo conflitante.
d3 – A regulação do conflito pela imposição da vontade da maioria (ignorando-se os desejos das minorias).
d4 – As restrições à liberdade (de opinião, de ir-e-vir, de imprensa, de manifestação, de organização, de difusão de ideias por qualquer meio, inclusive no ciberespaço etc.).
d5 – O segredo nos negócios de Estado (e nos negócios do chefe de Estado e de suas organizações), a opacidade das instituições e procedimentos: inexistência de transparência e impossibilidade de accountability.
d6 – A ideia de que democracia é o poder do povo ou o poder da maioria da população (pervertendo a ideia fundante – ou o fundamento democrático original – de que ela é ‘o poder de qualquer um’, quer dizer, a indiferença das capacidades para ocupar as posições de governante ou de governado).
d7 – O regime político baseado em votação por maioria, em que as minorias não têm direitos (ou têm menos direitos do que a maioria).
d8 – O julgamento de que a oposição não é legítima e de que os que se opõem aos chefes do Estado ou aos seus representantes ou delegados são traidores ou sabotadores.
d9 – A caracterização (e inculpação) de quem desobedece, diverge, desvia ou destoa como traidor.
d10 – A ideia (meritocrática) de que quem deve governar (dirigir o Estado, o país, a cidade e, por decorrência, a sociedade) é quem sabe mais.
d11 – A ideia (aristocrática) de que quem deve governar (dirigir o Estado, o país, a cidade, a sociedade) são os melhores (aristoi).
d12 – A sociedade regulada por um algoritmo, sem necessidade de um chefe ou comandante.
e) A guerra como dinâmica organizadora do cosmo social
e1 – A separação nós x eles (e todas as separações decorrentes dessa separação primordial: bem x mal, explorados x exploradores, povo x elites, esquerda x direita, socialistas x liberais, fiéis x infiéis de qualquer religião ou seita, nacionais x estrangeiros, leste x oeste, sul x norte, brancos x não-brancos, hetero x homo etc.)
e2 – A ideia e a prática da política como arte da guerra, ou como continuação da guerra por outros meios (a fórmule-inverse de Clausewitz-Lenin).
e3 – O culto do conflito e a guerra como instituição permanente (e como realidade inexorável, sobretudo a guerra não-ocorrida como guerra-quente ou conflito violento, mas latente e eternamente presente nos períodos considerados de paz).
e4 – A ideia e a prática de que governar é comandar (uma força, um contingente, um exército, um povo).
e5 – O culto do herói.
e6 – A ideia de que a luta de classes é o motor da história.
e7 – A ideia de que a violência é a parteira da história.
e8 – A ideia da beleza da violência e a eficácia da vontade, quando voltadas para o êxito do grupo que tem uma causa redentora ou reformadora do mundo.
e9 – A construção e manutenção de inimigos.
e10 – A ideia de que a sociedade está atravessada por uma única clivagem que opõe “o povo” às “elites” (ou ao “establishment”) e a pretensão de líderes políticos de falar em nome do (verdadeiro) povo (composto por seus seguidores), achando-se os únicos representantes legítimos (do “true people”) e que, assim, nada deve ficar no seu caminho.
f) O estatismo como ideologia e comportamento políco
f1 – A ideia de Estado como materialização do espírito ou da vontade divina (ou de alguma realidade ou entidade transcendente).
f2 – O culto do Estado (e a ideologia estatista, ou seja, a visão estadocêntrica do mundo).
f3 – A sociedade como dominium do Estado (no sentido feudal do termo) e a ideia de que é o Estado que deve dirigir a sociedade.
f4 – O partido fundido ao Estado, que conquistou hegemonia sobre a sociedade e transformou a sociedade em um ente privado.
f5 – A existência de um líder supremo, benfeitor, condutor, com alta gravitatem e carisma, que ocupa o centro do Estado para fazer uma ligação direta com as massas bypassando as mediações institucionais.
f6 – Os direitos encarados como privilégios (ou concessões de um benfeitor).
f7 – Os cidadãos reduzidos a súditos (do Estado e, às vezes, do chefe de Estado).
f8 – As pessoas – todas as pessoas – transformadas em funcionários (stricto ou latu sensu) do Estado.
f9 – A ideia de que o Estado – quando nas mãos certas – é o grande agente transformador da sociedade e a ele compete educar as massas para produzir o Homem Novo.
Comentar cada um desses tópicos é um projeto ambicioso, mas não impossível de ser realizado se contar com a colaboração de mais pessoas articuladas em comunidades políticas de aprendizagem sobre a democracia.
A partir de 6 de novembro de 2025 vamos começar um programa de reconhecimento de padrões autocráticos no formato de um clube de leitura das distopias. Quem estiver interessado ainda pode se inscrever para participar clicando neste link.



