Patifes
É uma patifaria a alegação, feita por alguns acadêmicos e analistas políticos, de que Maria Corina é radical de extrema-direita porque se relaciona com líderes populistas-autoritários antissistema. Esse pessoal faz questão de não-explicar que Maria Corina só é antissistema porque o sistema lá é o chavismo-madurismo, a narcoditadura venezuelana apoiada financeira e operacionalmente pelas crueis tiranias do eixo autocrático, como a Rússia (de Putin), a China (de Xi) e o Irã (da IRGC, inclusive com a presença física no território venezuelano de militantes do Hezbollah), para não falar do verdadeiro “exército” de funcionários cubanos que vivem na Venezuela e que comandam a inteligência do regime, operando, inclusive, as fraudes eleitorais.
Queriam o quê nessas circunstâncias? Parece que queriam que Corina fosse de esquerda (para então não ser de extrema-direita). Mas que esquerda?
A esquerda dos ditadores de Cuba (de Canel) e da Nicarágua (de Ortega e Murillo)?
A esquerda neopopulista do México (de Obrador e Claudia), de Honduras (de Xiomara e Manuel Zelaya), da Colômbia (de Petro), da Bolívia (de Arce ou Evo) e do Brasil (de Lula e do PT)?
A esquerda das organizações do Foro de São Paulo?
Ora, todos esses lamentaram ou silenciaram (e por baixo do pano mandaram seus militantes criticar) o fato de Maria Corina ter recebido o Nobel da Paz.
Claro que Maria Corina, como a principal líder da oposição a Maduro, não tem condições de recusar nenhum apoio para substituir o regime venezuelano. Não poderia, nem mesmo, criticar a pressão - legítima ou ilegítima - de Trump para mudar o regime.
Ela tem tentado a via pacífica, eleitoral. Mas a ditadura não a deixa concorrer. Não aceita os registros eleitorais de seus indicados. E os seus aliados que, por sorte ou descuido do regime, participam das eleições, são simplesmente roubados. Se conseguirem concorrer a 10 eleições, durante os próximos 40 anos, os resultados serão fraudados 10 vezes seguidas.
Mesmo assim, Maria Corina nunca defendeu um golpe de Estado, uma ruptura revolucionária insurrecional ou a luta armada para derrubar a ditadura. E só na cabeça de pessoas doentes por intoxicação ideológica passa a ideia de que, se Corina ou algum aliado seu chegassem ao governo, seria instaurada uma ditadura na Venezuela.
Ditadura na Venezuela é o que há hoje e houve nos últimos 10 a 15 anos. Uma ditadura neopopulista que se diz de esquerda e socialista e que conta com o apoio ou a simpatia dos governos patifes da Rússia, da China, do Irã, da Bielorrúsia, da Coreia do Norte, do Vietnam, do Laos, de Angola, de Cuba, da Nicarágua, do México, de Honduras, da Colômbia, da Bolívia e, infelizmente, do Brasil.
Sim, existem ditaduras de esquerda e de direita no mundo, como mostra o diagrama abaixo:
Mas existem também regimes eleitorais liberais e não-liberais, chamados de democracias (flaweds ou apenas eleitorais) parasitados por governos que se dizem de esquerda ou que se dizem (ou são considerados) de direita (ou extrema-direita):
É impressionante como, na academia e na imprensa, não se explica nada disso.
As críticas que os democratas fazemos ao populismo de esquerda, por exemplo, não são lidas por (quase) ninguém. Pois na academia são não-eventos. No jornalismo idem. Alguns até leem, mas para logo esconder o que leram e nunca mais tocar no assunto.
Deve haver algum motivo para a fuga de 7 milhões de venezuelanos do solo pátrio desde Chávez e Maduro. Situação é tão dramática que as famílias abandonam tudo, o gato, o cão, as casas, os móveis, os parentes, amigos, tudo… pra se livrar do regime do filhodaputa e ir para outras bostas como Brasil, Paraguai, Colômbia ou a “encantadora” Bolívia.