Perigo à vista
O mundo livre (o concerto das democracias liberais ou plenas) tem que se preparar seriamente para a eventualidade da vitória de Trump. O perigo não é apenas a aceleração do declínio da democracia na América (que já começou faz tempo). A eleição de um populista-autoritário nos EUA, aliado de Putin e do que há de pior na política internacional, aprofundará a terceira grande onda de autocratização que engolfa o planeta neste século.
União Europeia, Reino Unido, Noruega, Suíça, Canadá, Barbados, Costa Rica, Suriname, Chile, Uruguai, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Israel, Austrália e Nova Zelândia, sem sair da ONU atual, têm que liderar agora uma espécie de "Organização das Nações Democráticas Unidas", atraindo dezenas de países em transição democratizante (que ainda podem ser chamados de democracias, conquanto defeituosas ou apenas eleitorais) para essa articulação.
Isso deve ser feito antes que esses países sejam capturados pelo eixo autocrático (como já está acontecendo com os regimes eleitorais parasitados por populismos, a saber: México, Colômbia, Honduras, Bolívia, Brasil, África do Sul e, talvez, Indonésia).
Na pauta deve estar o fortalecimento da União Europeia, o apoio político, financeiro e militar à Ucrânia, o apoio às sanções a Putin, o apoio à democracia israelense (não ao governo Netanyahu), a condenação do terrorismo do Hamas, Hezbollah e IRGC (Guarda Revolucionária Iraniana), o repúdio ao antissemismo (ainda que disfarçado de antissionismo), a defesa de Taiwan contra a invasão da ditadura chinesa e, sobretudo, a auto-defesa (das democracias liberais) contra as investidas do eixo autocrático (Rússia, China, Coreia do Norte, Irã, provavelmente Turquia, Hungria, Síria e outras ditaduras e grupos terroristas do Oriente Médio, da Ásia e da África, talvez Bharat, Cuba, Venezuela e Nicarágua).
O que está em jogo é muito grave para a democracia no mundo para ficarmos parados esperando pelo pior. Se isso não for feito em tempo hábil, os regimes democráticos correm o risco de virar pequenas ilhas num mar de autocracias.
Nota redigida por Augusto de Franco.