Perspectivas da esquerda na AL
Um balanço prospectivo
Quem são os governantes de esquerda na América Latina?
Temos três ditadores: Canel em Cuba, Ortega na Nicarágua, Maduro na Venezuela - os últimos dois neopopulistas.
Temos quatro governantes iliberais neopopulistas que não são ditadores: Cláudia (sucessora de Obrador) no México, Xiomara (mulher de Manoel Zelaya) em Honduras - que está tentando fraudar as eleições que perdeu, Petro na Colômbia e Lula no Brasil.
Antes tínhamos Arce (e Evo) na Bolívia, que perderam as eleições.
As duas únicas exceções de governantes de esquerda não populistas são: Boric no Chile, que também acaba de perder as eleições e Orsi no Uruguai (uma democracia liberal).
Ao que tudo indica, Petro tende a perder as eleições de maio de 2026 na Colômbia. E Lula pode ganhar ou perder em 2026. Nada se pode dizer de Claudia, que só será reeleita ou substituída em 2030.
A partir do final do ano que vem é possível que restem, da esquerda, apenas os três ditadores (Canel, Ortega e Maduro - se não for derrubado por Trump) e um ou dois populistas não-liberais (Claudia, ou Claudia e Lula). Esse quadro não vai mudar só porque o PT está esperando a configuração (ou forçando a instalação) de uma situação revolucionária no Brasil. No máximo o PT conseguirá reeleger Lula pela última vez, para fazer um governo instável: com crise fiscal, talvez crise institucional, minoria congressual e dependendo da suprema corte para governar.
Então vem a pergunta. O PT imagina que vai poder governar com a suprema corte até quando? Se conseguir reeleger Lula mas não tiver maioria no parlamento (ou, pior, continuar super-minoritário no congresso), vai entrar numa dinâmica insustentável que pode ser mais ou menos descrita assim. O congresso aprova uma lei. O presidente veta. O congresso derruba o veto. O governo, via seus esbirros, entra no STF que anula as decisões do congresso a favor do governo. Convenhamos: isso não pode continuar por muito tempo. Se virar uma prática sistemática autocratiza a democracia.
O parlamento - a instituição por excelência das democracias - passa a ser dispensável. Mais cedo ou mais tarde haverá reação da sociedade e das próprias instituições. Será que o PT conta com essa reação para virar a mesa?



