Qual o sentido da palavra resistência?
No contexto de uma ameaça global à democracia
Rafael Ferreira, Inteligência Democrática (18/12/2025)
É difícil competir com os ucranianos em termos de significado da palavra resistência no mundo hoje. Até poucos dias atrás não possuíam nem um exército formado, e a agressão russa mobilizou uma legião de lutadores para enfrentar uma das forças armadas mais poderosas do mundo.
Certamente, em termos simbólicos, a luta contra a Rússia de Putin é o símbolo mais visível da luta pela liberdade no mundo moderno. Em termos de imaginário, uma resistência armada contra um agressor cruel funciona mais do que qualquer discurso.
Mas onde as ações não violentas também podem revelar um sentido possível para enfrentar um mundo em constante retrocesso democrático?
Esse é um problema importante dado que ações comunitárias que envolvam poucas pessoas espalhadas pelo território não tem a visibilidade que gere um simbolismo motivador para grandes iniciativas.
Proponho que as pessoas engajadas no tema da democracia também abracem as possíveis reformas institucionais que possam representar uma melhoria na representatividade política e que percebam cada vez mais que o voto, antes apregoado como a grande ferramenta de liberdade do cidadão, pode servir à formação de maiorias hostis aos princípios democráticos. Populistas e autocratas pelo mundo já descobriram isso e hackeiam a democracia com o fim de desidratá-la.
O controle social do poder precisa de ferramentas inovadoras para reduzir o risco da usurpação por autocratas disfarçados e lideranças oligárquicas que se arvoram em representantes permanentes do povo. Reformas como a introdução do voto distrital e uso experimental de sorteio em pequenas comunidades são fundamentais para mudança da cultura que associa democracia a voto.
A resistência democrática pode ser também não violenta e certeira.



