Simpatizantes de Trump no Brasil saem do armário
E de repente saiu do armário um trumpismo brasileiro. Bolsonaristas, em sua maioria. Entende-se. Se Trump derrotou novamente a esquerda nos EUA, quem sabe Bolsonaro ou outro bolsonarista não poderá também derrotar de novo a esquerda no Brasil.
Mas também pessoas que querem ser "de direita" e se dizem conservadoras caíram de simpatias pelo "agente laranja". Não se entende. Os que têm alergia à esquerda classista, identitarista ou populista ficaram animados com a vitória do escroque e boçal Donald Trump. Mas trumpismo não dá. O MAGA não é o partido Republicano de Nixon e Reagan. Não é o partido Conservador de Thatcher. Não é uma direita conservadora e sim reacionária, populista-autoritária e iliberal.
Os novos (ou só agora assumidos) simpatizantes do trumpismo - inclusive analistas políticos de veículos de comunicação de oposição ao governo que não são (ou não são mais) bolsonaristas - começaram a cornetear que a vitória de Trump foi estrondosa.
Estrondosa?
Foi uma vitória significativa, sim, mas longe de ser estrondosa.
Eles acham que com isso vão legitimar uma eleição que não precisa ser legitimada. Ninguém está contestando o resultado das urnas. Ninguém está menosprezando as vantagens de Trump: de ter eleito a maioria dos governadores (27 x 23), a maioria de representantes na Câmara (212 x 200) e no Senado (53 x 46). Com 94% das urnas apuradas enquanto escrevo estas linhas, Donald Trump tem 2,6% de vantagem sobre Kamala Harris. Chegou até agora a 301 votos no Colégio Eleitoral contra 226 de Harris.
É fato. Mas nada disso significa que foi uma boa escolha do eleitor americano. Maioria não é critério de verdade ou acerto. E a maioria, não raro, erra. A vitória de Trump não foi uma vitória da democracia só porque ele ganhou em eleições limpas ou não contestadas. Fujimori também ganhou. Chávez também ganhou. Ortega também ganhou. Bukele também ganhou. Obrador também ganhou. Orbán também ganhou. Erdogan também ganhou. Modi também ganhou.
Populistas têm mesmo muitos votos. Quem sabe, se não tivessem, poderiam se curar da mania de viver tentando mesmerizar multidões e arrebanhar massas. E de mentir descaradamente dizendo que o verdadeiro povo (aquele "true people" de Steve Bannon) é composto apenas pelos que os seguem.
Vejamos o mapa Trump de 2024.
Vejamos agora duas vitórias realmente estrondosas e uma nem tanto em eleições americanas passadas: Nixon em 1972, Reagan em 1984 e Obama em 2008. As imagens são auto-explicativas.
A vantagem de Nixon em 1972 sobre seu concorrente foi de 23,2%. A vantagem de Reagan em 1984 foi de 18,74%. A vantagem de Obama em 2008 foi de 7,2%.
A vantagem de Trump em 2024, até agora, é de 2,6%. Você está ouvindo o estrondo?
Brilhante com sempre Augusto
👏👏👏👏