Gilberto Natalini, Inteligência Democrática (27/11/2024)
Estive no Uruguai por duas vezes, já faz algum tempo.
Visitei Montevideo, mas também andei pelo interior e litoral do país.
O que vi me impressionou.
Um país pequeno, extremamente organizado com um povo evoluído, civilizado e gentil.
Não vi miséria nas ruas, nem pedintes, nem crianças abandonadas. As pessoas, mesmo pobres, se vestiam com dignidade e andavam de cabeça erguida.
Saímos para a rua, e a qualquer hora do dia ou da noite, a sensação de segurança era a mesma.
Não presenciei nem sombra de criminalidade.
Dizem alguns, que o Uruguai é evoluído porque é um país pequeno.
Aí, eu contraponho a Nicarágua, o Haiti, El Salvador e tantos outros em outras partes do mundo, que também pequenos, são violentos, desiguais e autoritários.
A questão não é o tamanho. É o caminho e o estágio civilizatório.
Tomemos o exemplo da política no Uruguai. Acabou de ter uma eleição, onde a oposição ganhou, numa disputa democrática acirrada.
Porém, não vimos um ruído sequer, de jogar fora as regras constitucionais.
Zero de agressão.
O Uruguai caminha nos trilhos próprios, ao inverso da tendência mundial, da polarização tóxica e nefasta que infesta os países hoje.
Lá existem duas tendências políticas principais, embora haja plena liberdade para os minoritários.
A direita e a esquerda se alinham como centro esquerda e centro direita, sem extremismos radicais.
Disputam o eleitorado e o poder em cima de programas políticos e propostas e se alternam nas eleições de modo democrático, como deve ser.
O Uruguai é um exemplo que precisa ser preservado e replicado.
Para nós brasileiros, que vivemos o infortúnio do bolsopetismo, que transformou o Brasil numa rinha de luta polarizada e radicalizada ao extremo, os uruguaios servem como uma bússola no combate à barbárie, ao fisiologismo, à demagogia e à corrupção.
É claro que lá, as forças políticas disputam cada voto e cada apoio com vigor. Mas nunca ultrapassou os limites da democracia.
No Uruguai ganhou a Frente Ampla, com Yamandú Orsi, discípulo de Mujica, um líder de esquerda que é um paradigma para todos.
Mujica comete um deslize entre tantos acertos. Acredita na inocência de Lula. Por ingenuidade? Ou não!
Esse erro de avaliação de Mujica, tira a unanimidade sobre sua biografia.
Agora no poder, esperamos que a Frente Ampla de esquerda uruguaia, continue denunciando a ditadura de Maduro, e jamais se alie com o eixo autocrático do Mundo, como Putin, Ortega, Kim, Orbán, os Aiatolás, o Xeique Saudita, as ditaduras da África e outros, como faz o Brasil.
Fazemos votos que o Uruguai continue no rumo da liberdade, da sustentabilidade, da equidade social e da moralidade pública.
E ansiamos que um dia, após tanto sofrimento, possamos ser um pouco como eles.