A segunda guerra fria já é a terceira guerra mundial
Se não considerar isso, qualquer análise política errará
Qualquer análise política que não considere, como ponto de partida (background e pressuposto), que já estamos numa segunda guerra fria (que não é uma reedição da primeira) e que essa guerra (na forma de netwar, uma guerra nas sociedades e não apenas pela internet) já é a terceira guerra mundial, errará!
A netwar - forma predominante da segunda grande guerra fria já instalada - não é (apenas) uma ciberguerra. É uma guerra nas sociedades, movida pelo eixo autocrático contra as democracias liberais, com o objetivo de provocar divisão e polarização.
Desse ponto de vista, a segunda guerra fria já é a terceira guerra mundial. Ou seja, é assim que a guerra será agora e não mais conflitos armados generalizados, com blocos de países geograficamente demarcados em luta uns contra os outros.
É guerra, sim, mas não apenas entre países (Estados-nações) e sim nas sociedades (com divisão e polarização introduzidas nas sociedades de todos os países, sobretudo das democracias).
É guerra global com episódios de guerras quentes regionais (Rússia x Ucrânia, Irã x Israel etc.) que funcionam como espoletas e motores para detonar e incrementar a netwar mundial, quer dizer, a nova guerra fria.
Mas guerra quente mundial, depois das armas nucleares, é improvável que vejamos novamente.
Assim, segundo essa hipótese, não teremos mais conflitos violentos generalizados, como foram a primeira e a segunda guerras mundiais. Agora é guerra fria com episódios localizados de guerras quentes, mas de novo tipo. Não é um repeteco da primeira guerra fria. Não é que agora teremos EUA x China no lugar de EUA x URSS.
Agora temos um eixo autocrático (Rússia, China, Bielorrússia, Coreia do Norte, Irã e seus braços terroristas, Vietnam, Laos, Hungria, Turquia, Eslováquia, Cuba, Venezuela, Nicarágua, Angola etc.) - em aliança com regimes eleitorais parasitados por populismos, ainda chamados de democracias, não-autoritários, mas também não-liberais (como México, Honduras, Bolívia, Colômbia, Brasil, África do Sul, talvez Indonésia etc. - via BRICS ou Sul Global) - tentando exterminar as democracias liberais.
Catastrófico?
Não, real.