Eu e o Diogo Dutra começamos uma conversa pública no canal dos Livres da Polarização: veja aqui. A experiência tem sido boa, trazendo reflexões referentes a estudos sobre democracia e ao ambiente tóxico de polarização.
Já publicamos três episódios e temos gravado um para lançamento na semana que vem. Sugiro desde já a colaboração de quem se interessar, comentando e compartilhando.
A importância da conversa pode ser dimensionada no número de visualizações ou de curtidas, além de tocar em cada um de uma maneira diferente. A mim, pessoalmente e além desse aspecto, ressoa como uma oportunidade de aprender.
A esse respeito, não posso deixar de mencionar o ótimo texto publicado aqui na Revista ID: Uma história popular da liberdade de expressão. Nele há uma bela descrição dos diversos entendimentos sobre a liberdade de expressão e que culmina no texto basilar da constituição americana que é a Primeira Emenda.
Não quero aqui, no entanto, comentar todo o texto, que vale a leitura, e sim tratar de uma passagem que diz respeito diretamente a experiência de falar em público. Cito aqui, ipsis litteris: ‘Porque entre as muitas coisas que acontecem quando falamos o que pensamos é que começamos a aprender o que realmente pensamos — e então a refletir se devemos ou não acreditar nisso.’
Dentre todas as dimensões que podem surgir de uma conversa pública ou da expressão de uma opinião pública, a oportunidade de falar nos leva a refletir sobre o que falamos e essa escuta interior traz aprendizados sobre nós mesmos. Daí se pode inferir que estabelecer uma tutela sobre a fala das pessoas sob o argumento de evitar a má influência a outros pode significar a restrição de uma oportunidade para essa pessoa que emite a opinião tem de aprender sobre sua própria opinião.
Disso tudo não decorre que as responsabilidades pela opinião dada não precisam ser assumidas por quem as emite e nem que não possamos como sociedade questionar o poder de mídias sociais pouco transparentes em seus propósitos. O risco de alguém querer nos proteger do discurso do outro é tornar cada vez mais oneroso para cada um de nós o esforço necessário para a interação democrática.
Esta nota foi redigida por Rafael Ferreira, do staff de Inteligência Democrática.