Para quem ainda não sabe o que é o PT
Um resumo do que é esse partido e do que ele defende
Façamos um resumo do que é o PT e do que esse partido defende.
O PT se diz - e é dito - de esquerda, mas não de uma esquerda democrática (como a de Boric, no Chile) e sim de uma esquerda populista que, no plano externo:
Reconhece a eleição fraudulenta de Maduro (ou não reconhece a vitória da oposição roubada pelo ditador), não critica as violações de direitos humanos na Venezuela e nunca teve a decência de chamar aquele regime pelo que ele de fato é e todo mundo sabe: uma ditadura.
Diz que Israel é genocida e vê o Hamas como uma força de libertação (na prática, apoia a guerra do Irã para destruir a democracia israelense - uma ilha de liberdade cercada por quinze autocracias do Oriente Médio).
Apoia Putin e afirma que Zelensky é nazista (e não move uma palha para defender, nem mesmo com palavras, a resistência ucraniana à invasão militar da ditadura neoczarista russa).
Aplaude a entrada do país no cafofo de ditaduras chamado BRICS (uma articulação anti-OTAN e anti-UE disfarçada de bloco econômico).
Concorda e aplaude efusivamente o alinhamento do Brasil ao eixo autocrático (Rússia, China, Irã etc.) contra as democracias liberais.
No plano interno, o lulopetismo, quer dizer, o neopopulismo que caracteriza o comportamento político do PT:
É contra a autonomia do banco central e das agências reguladoras.
É contra uma reforma administrativa que viabilize corte de gastos e, portanto, é contra o equilíbrio fiscal.
É contra as privatizações.
É contra a lei das estatais.
É inclinado a fazer uso político dos bancos públicos.
É a favor da escolha governamental de "complexos industriais estratégicos" para privilegiar investimentos públicos.
É espalhador da falsa narrativa de que o mensalão, o petrolão, o impeachment de Dilma e a prisão de Lula (e de outros dirigentes petistas, como Dirceu) fazem parte de um mesmo "projeto articulado de fora", de um golpe das elites, apoiadas pela CIA e pelo FBI, para destruir a Petrobrás e as empreiteiras, tomar o pré-sal e tirar o Lula da eleição de 2018.
É uma força política minoritária no Brasil, que depende hoje totalmente do judiciário e da televisão: é minoria nos governos e parlamentos estaduais e municipais, no Congresso Nacional, nas mídias sociais, nas ruas e nas urnas. Só não é minoria no STF e em alguns canais de TV (além da máquina do governo federal aparelhada, é claro).
No plano das concepções e práticas e, consequentemente, em termos de comportamento político, o PT:
Toma a ordem (uma ordem "mais justa") - e não a liberdade - como sentido da política.
Concebe e exercita a política como continuação da guerra por outros meios (na base do "nós contra eles") para implantar uma ordem mais justa (pré-concebida pela teoria ou pela ideologia).
É estatista (ou tem uma visão estadocêntrica do mundo).
É antiliberal e antipluralista.
Crê numa imanência histórica, na existência de leis da história que podem ser conhecidas por quem tem a teoria verdadeira ou o método correto de interpretação da realidade e na luta de classes (ou na luta identitária: a afirmação da diferença convertida em separação) como motor da história.
Acredita que a igualdade (ou a redução da desigualdade) socioeconômica é precondição para a liberdade (ou para a igualdade política).
Defende que há uma equivalência entre democracia e cidadania (ou reduz a democracia à cidadania para todos).
Como horizonte utópico propõe a fuga para um futuro (idealizado) onde a vida, supostamente, será melhor.
Usa a democracia contra a democracia (concorrendo à eleições não como quem quer fazer parte do metabolismo normal da democracia, capaz de realizar o princípio da rotatividade ou alternância, e sim como quem se aproveita de um instrumento, um meio para alcançar e reter o poder).
Saber é melhor do que não saber. Sabendo de tudo isso cabe às pessoas decidir, baseadas em seu próprio juízo, se devem apoiar esse partido.
O PT sempre foi assim? Mais ou menos. O partido surgiu da confluência de três vertentes: i. o sindicalismo dito “autêntico” do ABC paulista e associados, ii. o marxismo-leninismo dos intelectuais revolucionários que ficaram clandestinos, foram presos ou exilados durante a ditadura militar e iii. o basismo de setores da igreja católica que fizeram uma opção preferencial pelos pobres, animados pela ideologia (chamada de teologia) da libertação (de fundamentos marxistas). Inicialmente a primeira vertente carregou uma espécie de banditismo social das corporações sindicais; a segunda transfundiu para a nova agremiação a ideia de revolução, de acumulação de forças e de ruptura, e a concepção e a prática da política como uma continuação da guerra por outros meios; a terceira introduziu o “pobrismo” (a crença de que ser pobre continha uma virtude especial) e aproximou o partido de setores sociais urbano-periféricos e rurais (para além da esfera de influência da aristocracia operária). Evidentemente os quadros dirigentes do partido saíram das duas primeiras vertentes, numa espécie de aliança tácita para empalmar o poder na organização, simbolizada pelo conluio de “inimigos íntimos”’ Lula-Dirceu.
Bem… não vou recontar, mais uma vez, a história. Já publiquei dezenas (talvez mais de uma centena) de artigos sobre o tema a partir de 2005. Vale a pena espiar um ou dois desses artigos; um deles, de maio de 2016, intitulado O PT e a Irmandade Muçulmana: isomorfismos; e outro, de julho de 2017, intitulado Para começar a entender o PT. Adicionalmente, também pode ser importante ler a pequena nota, de outubro de 2018: PT nunca mais, Bolsonaro jamais. E, como uma síntese quase exaustiva, mais dois artigos recentes: um de fevereiro de 2023, Há algum fundo de verdade na alucinação anticomunista?, e outro, de julho de 2024, A estratégia de conquista de hegemonia do neopopulismo no Brasil. Para quem não dispõe de muito tempo, talvez baste ler apenas este último.
Augusto, excelente artigo!
Cada vez mais me converso que hoje a melhor opção é a Democracia Liberal
Chega de Extrema Direita X Centrão X Extrema Esquerda.
Já deu, não representa minha nação, meu povo.
E como não é representativa, haja visto as abstenção aumentando - eu fui uma delas.
Não vou pular do precipício.
Vou pegar o caminho da Democracia Liberal.
🤜🤛
Excelente.