Em tempo: pra mim, não dá pra confiar nas faculdades ditas de jornalismo que existem hoje no Brasil. E sabe por quê?
Faculdades ditas de jornalismo, na grande maioria, pelo menos para mim, são arapucas que não ensinam nada!
Como tem lugares que obrigam ter diploma para ser jornalista - uma aberração corporativista! - as faculdades de jornalismo são – muitas vezes - gigolôs do diploma.
É aquela história, eu finjo que te ensino, você me paga, finge que aprende, e eu te arrumo um diploma.
Na verdade, acho eu, tudo de que alguém precisa para ser jornalista não exige mais do que três meses num laboratório do Senai (pois os bons jornalistas do passado nunca foram formados em faculdades ditas de jornalismo, mas sim, nesses laboratórios tipo o do Senai).
O resto, o resto é ler Machado de Assis.
E aqui se chega a outro ponto capital: a Língua Portuguesa, aquela de Machado e Padre Antônio Vieira.
Muitos desses jornalistas egressos dessas faculdades aí são transgressores contumazes, pois não sabem escrever.
Só sabem divulgar press-releases.
Praticam o jornalismo do “disse que”: fulano disse isso, beltrano aquilo. E é só isso.
Tudo o que uma boa parte dos nossos jornalistas fazem se chama maloqueirismo ou jornobanditismo, ou seja, é o jornalismo a serviço do banditismo – dos interesses escusos, criminosos. É o comando do crime organizado da opinião publicada. E por quê?
O termo “maloqueiro”, ironicamente, sempre foi estigmatizado por parte da nossa elite, sendo utilizado para designar aquele que lhe era abjeto; para conceituar aquilo que a seus olhos eram grupos sociais “ordinários”. Agora, esse rótulo se volta contra essa mesma elite, definindo e adjetivando suas ordinárias práticas. Sendo assim, o jornalismo maloqueiro ou “maloqueirismo” é aquele originário das malocas da mídia brasileira. Tomo emprestado aqui, a título de ilustração, algumas definições do termo “maloca” constantes do dicionário Aurélio: “Esconderijo; grupo de gente que não inspira confiança; grupos de salteadores, de bandidos”.
Aqui, falo das influências do “maloqueirismo” como força determinante do comportamento predatório e antiético de parte importante da mídia brasileira nos dias de hoje, e seus reflexos no jogo pelo poder e na sociedade. E digo mais: essa categoria de jornalismo deveria ser estudada nas faculdades de comunicação – como exemplo didático e emblemático de caminhos, atalhos e esparrelas a serem evitados pelos jovens jornalistas.
Como já dito, “Maloqueirismo” ou “jornobanditismo”, a grosso modo, é o jornalismo a serviço do banditismo – dos interesses escusos, criminosos. É o comando do crime organizado da opinião publicada. E como já dito acima, é digno de nota que o termo “maloqueiro”, curiosa e ironicamente, sempre foi estigmatizado por parte da nossa elite, era utilizado para designar aquele que lhe era abjeto; para conceituar aquilo que a seus olhos eram grupos sociais “ordinários”, e que agora, paradoxalmente, esse rótulo se volta contra essa mesma elite, definindo e adjetivando suas ordinárias práticas. Mas como identificar um jornalista maloqueiro? Veremos a seguir.
Esses jornalistas vivem enclausurados em seus próprios umbigos e crenças de classe. Tal qual vampiros (sentido figurado: aqueles que exploram os pobres em benefício próprio) não saem à luz do dia – têm seus motivos. Não se encontra um “maloqueiro” nas ruas e shoppings das cidades, por exemplo. Eles rastejam nas antessalas e corredores do poder. Não pegam ônibus, trem, bicicleta, metrô, ou mesmo um carro popular, tampouco andam a pé; desconhecem, portanto, as agruras por que passam os cidadãos comuns. Seus patrões (sejam eles o governo de turno, os patrões externos, e, os barões da mídia, os patrões internos), zelosos, tal qual o bom carcereiro da fábula que embala os inocentes, vez em quando lhes colocam um prato de comida e uma cuia com água fresca, na porta de seus catres sombrios, para que estes se alimentem e matem a sua sede. Sede de água, vale o registro, mesmo sob o risco do pleonasmo – pois a sede de servir aos patrões, esta é insaciável.
São regiamente remunerados e recebem, a título de bônus, pequenos mimos e mordomias – para que, também eles, sintam-se parte integrante do que se convencionou chamar de “classe dominante” ou, numa linguagem mais vulgar, de “bem nascidos”. Viajam de 1ª classe; acomodam-lhes em bons hotéis estrelados; bebem vinho caro e bom champanhe; comem em bons restaurantes (de alta gastronomia) etc. A eles, em verdade, bem como aos seus leitores, são destinadas as migalhas, os restos dos banquetes em que se fartam os hipócritas.
Tal qual condenados, subjugados pelo seu próprio servilismo e vacuidade, eles sequer percebem, mas a cada movimento que fazem em seu claustro de misérias escuta-se ao fundo o rangido do lento arrastar dos grilhões e correntes invisíveis, que lhes servem de amarras. Grilhões e correntes invisíveis aos olhos dos justos e dos incautos, mas que não engana o rigoroso juiz que todos carregamos n’alma e que lhes assombram e comprometem o sono.
O “maloqueirismo” ou “jornobanditismo” é um neologismo, mas que ainda não foi devidamente estudado, dicionarizado ou catalogado. Pode ser traduzido em variados nomes e qualificativos, tais como “parcialismo”, servilismo ou sabujice, vilania, pena de aluguel, “escreventes da infâmia”, jornalismo fiteiro etc. Mas não é nada disso; é muito mais além, ou aquém.
É obra do jornalismo maloqueiro, por exemplo, a politização do descalabro, as denúncias seletivas, que só afetam determinado grupo político e poupam outro (principalmente aquele que está no poder, não importa se é de esquerda ou de direita); as manchetes tão grandiloquentes quanto vazias; a “espetacularização” da notícia; a utilização de arapongas e detetives mafiosos em seus métodos investigativos; o desrespeito às pessoas, a sujeição do outro ao linchamento moral e à desonra; a expropriação da identidade do indivíduo, o culto ao patrimônio, dentre outras mazelas e vergonhas.
Deveríamos, portanto, em nome da liberdade e do pluralismo da imprensa, condenar e denunciar esse tipo deletério de jornalismo e, mais que isso, informar o nosso público leitor acerca de sua existência e, na medida do (im)possível, melhor ensinar os nossos futuros jornalistas. Com o Código Democrático pra Jornalistas que o Augusto de Franco nos apresenta, não haveria espaço pra esse maloqueirismo.
Em tempo: pra mim, não dá pra confiar nas faculdades ditas de jornalismo que existem hoje no Brasil. E sabe por quê?
Faculdades ditas de jornalismo, na grande maioria, pelo menos para mim, são arapucas que não ensinam nada!
Como tem lugares que obrigam ter diploma para ser jornalista - uma aberração corporativista! - as faculdades de jornalismo são – muitas vezes - gigolôs do diploma.
É aquela história, eu finjo que te ensino, você me paga, finge que aprende, e eu te arrumo um diploma.
Na verdade, acho eu, tudo de que alguém precisa para ser jornalista não exige mais do que três meses num laboratório do Senai (pois os bons jornalistas do passado nunca foram formados em faculdades ditas de jornalismo, mas sim, nesses laboratórios tipo o do Senai).
O resto, o resto é ler Machado de Assis.
E aqui se chega a outro ponto capital: a Língua Portuguesa, aquela de Machado e Padre Antônio Vieira.
Muitos desses jornalistas egressos dessas faculdades aí são transgressores contumazes, pois não sabem escrever.
Só sabem divulgar press-releases.
Praticam o jornalismo do “disse que”: fulano disse isso, beltrano aquilo. E é só isso.
Diploma*
A alguns anos proibiram quem não tinha "dipjoma" de jornalismo exercer a frofissao.
Jogaram a criança fora, junto com a água do banho.
Grata pelo artigo Augusto de Franco, modéstia a parte, penso como o senhor!
Pois é Analice. Mas, mesmo que nossa lei não exija mais diploma, tem organizações Brasil afora que exigem, sim, diploma pra jornalista.
Tudo o que uma boa parte dos nossos jornalistas fazem se chama maloqueirismo ou jornobanditismo, ou seja, é o jornalismo a serviço do banditismo – dos interesses escusos, criminosos. É o comando do crime organizado da opinião publicada. E por quê?
O termo “maloqueiro”, ironicamente, sempre foi estigmatizado por parte da nossa elite, sendo utilizado para designar aquele que lhe era abjeto; para conceituar aquilo que a seus olhos eram grupos sociais “ordinários”. Agora, esse rótulo se volta contra essa mesma elite, definindo e adjetivando suas ordinárias práticas. Sendo assim, o jornalismo maloqueiro ou “maloqueirismo” é aquele originário das malocas da mídia brasileira. Tomo emprestado aqui, a título de ilustração, algumas definições do termo “maloca” constantes do dicionário Aurélio: “Esconderijo; grupo de gente que não inspira confiança; grupos de salteadores, de bandidos”.
Aqui, falo das influências do “maloqueirismo” como força determinante do comportamento predatório e antiético de parte importante da mídia brasileira nos dias de hoje, e seus reflexos no jogo pelo poder e na sociedade. E digo mais: essa categoria de jornalismo deveria ser estudada nas faculdades de comunicação – como exemplo didático e emblemático de caminhos, atalhos e esparrelas a serem evitados pelos jovens jornalistas.
Como já dito, “Maloqueirismo” ou “jornobanditismo”, a grosso modo, é o jornalismo a serviço do banditismo – dos interesses escusos, criminosos. É o comando do crime organizado da opinião publicada. E como já dito acima, é digno de nota que o termo “maloqueiro”, curiosa e ironicamente, sempre foi estigmatizado por parte da nossa elite, era utilizado para designar aquele que lhe era abjeto; para conceituar aquilo que a seus olhos eram grupos sociais “ordinários”, e que agora, paradoxalmente, esse rótulo se volta contra essa mesma elite, definindo e adjetivando suas ordinárias práticas. Mas como identificar um jornalista maloqueiro? Veremos a seguir.
Esses jornalistas vivem enclausurados em seus próprios umbigos e crenças de classe. Tal qual vampiros (sentido figurado: aqueles que exploram os pobres em benefício próprio) não saem à luz do dia – têm seus motivos. Não se encontra um “maloqueiro” nas ruas e shoppings das cidades, por exemplo. Eles rastejam nas antessalas e corredores do poder. Não pegam ônibus, trem, bicicleta, metrô, ou mesmo um carro popular, tampouco andam a pé; desconhecem, portanto, as agruras por que passam os cidadãos comuns. Seus patrões (sejam eles o governo de turno, os patrões externos, e, os barões da mídia, os patrões internos), zelosos, tal qual o bom carcereiro da fábula que embala os inocentes, vez em quando lhes colocam um prato de comida e uma cuia com água fresca, na porta de seus catres sombrios, para que estes se alimentem e matem a sua sede. Sede de água, vale o registro, mesmo sob o risco do pleonasmo – pois a sede de servir aos patrões, esta é insaciável.
São regiamente remunerados e recebem, a título de bônus, pequenos mimos e mordomias – para que, também eles, sintam-se parte integrante do que se convencionou chamar de “classe dominante” ou, numa linguagem mais vulgar, de “bem nascidos”. Viajam de 1ª classe; acomodam-lhes em bons hotéis estrelados; bebem vinho caro e bom champanhe; comem em bons restaurantes (de alta gastronomia) etc. A eles, em verdade, bem como aos seus leitores, são destinadas as migalhas, os restos dos banquetes em que se fartam os hipócritas.
Tal qual condenados, subjugados pelo seu próprio servilismo e vacuidade, eles sequer percebem, mas a cada movimento que fazem em seu claustro de misérias escuta-se ao fundo o rangido do lento arrastar dos grilhões e correntes invisíveis, que lhes servem de amarras. Grilhões e correntes invisíveis aos olhos dos justos e dos incautos, mas que não engana o rigoroso juiz que todos carregamos n’alma e que lhes assombram e comprometem o sono.
O “maloqueirismo” ou “jornobanditismo” é um neologismo, mas que ainda não foi devidamente estudado, dicionarizado ou catalogado. Pode ser traduzido em variados nomes e qualificativos, tais como “parcialismo”, servilismo ou sabujice, vilania, pena de aluguel, “escreventes da infâmia”, jornalismo fiteiro etc. Mas não é nada disso; é muito mais além, ou aquém.
É obra do jornalismo maloqueiro, por exemplo, a politização do descalabro, as denúncias seletivas, que só afetam determinado grupo político e poupam outro (principalmente aquele que está no poder, não importa se é de esquerda ou de direita); as manchetes tão grandiloquentes quanto vazias; a “espetacularização” da notícia; a utilização de arapongas e detetives mafiosos em seus métodos investigativos; o desrespeito às pessoas, a sujeição do outro ao linchamento moral e à desonra; a expropriação da identidade do indivíduo, o culto ao patrimônio, dentre outras mazelas e vergonhas.
Deveríamos, portanto, em nome da liberdade e do pluralismo da imprensa, condenar e denunciar esse tipo deletério de jornalismo e, mais que isso, informar o nosso público leitor acerca de sua existência e, na medida do (im)possível, melhor ensinar os nossos futuros jornalistas. Com o Código Democrático pra Jornalistas que o Augusto de Franco nos apresenta, não haveria espaço pra esse maloqueirismo.